Entrevista – GoncalTeam

GONCALTEAM… UMA EMPRESA EM CRESCIMENTO NO SECTOR DO EQUIPAMENTO PARA OFICINAS AUTOMÓVEIS

“UMA PEÇA SÓ 
É CARA QUANDO NÃO RESPONDE

ÀS NECESSIDADES PARA QUE FOI DESENHADA!”

FUNDADA EM JULHO DE 2005, EM RESPOSTA AOS INÚMEROS PEDIDOS DE INFORMAÇÃO SOBRE O MERCADO E EQUIPAMENTOS JUNTO DE ANTÓNIO GONÇALVES, PROFISSIONAL BEM COTADO NO SECTOR POR FORÇA DA EXPERIÊNCIA ACUMULADA, A GONCALTEAM SURGIU PARA PROPOR UMA DIFERENTE ABORDAGEM E SOLUÇÃO PARA AS NECESSIDADES DAQUELES QUE DESDE LOGO SURGIAM COMO POTENCIAIS CLIENTES.

ENTREVISTA: JORGE REIS

CONHECEDOR DO MERCADO, fruto de experiência ganha em anos de trabalho, António Gonçalves, que até à formação da GoncalTeam vinha dando resposta às diferentes solicitações a título individual, viu a oportunidade de lançar o seu próprio projecto, uma empresa que, com o decorrer do tempo, encontrou a flexibilidade suficiente para poder fornecer em exclusivo, fruto de relações internacionais, produtos escolhidos pelos seus clientes colocando a sua marca e ou o seu logotipo.

Comercializando um vasto leque de produtos que vão desde os consumiveis para serviço de pneumáticos, ferramentas, até pequenos equipamentos, passando pela representação, em exclusividade e parcerias de distribuição, a GoncalTeam, entretanto com instalações na região da Grande Lisboa mas também no Gramde Porto, garantiu a cobertura de mercado com trabalho desenvolvido pelos seus colaboradores em todas as regiões do país, excepção feita ao mercado das regiões autónomas.

Para sabermos mais sobre esta estrutura, avançamos para o diálogo com António Gonçalves que recebeu a Revista ANECRA nas instalações da GoncalTeam no Casal do Marco, onde nos apresentou uma empresa que nasce em 2005 “depois de algumas solicitações de alguns clientes para começarmos a vender alguns produtos”. “Fomos alargando a nossa gama. Começámos com os acessórios, com pequenos equipamentos, depois surgiram equipamentos de outro volume, passámos também a ter produtos para a indústria, mantendo sempre o automóvel como o nosso “core business” mas servindo a indústria e outras actividades, e a coisa foi crescendo.”

“Surgiram instalações no norte, instalações em Lisboa, mais funcionários, mais projectos, trabalhámos sempre com uma enorme dinâmica procurando acompanhar o mercado, e ultimamente estamos focados na área do diagnóstico. Estamos muito ligados ao sector automóvel, com a oferta de diverso equipamento, desde o elevador ao pequeno equipamento, das mais diversas marcas, sempre com a preocupação de conseguirmos dar resposta às mais variadas necessidades do cliente, desde aquele que quer gastar pouco ao cliente que quer gastar já algo mais, terminando naquele que quer comprar uma coisa melhor”, afirma o nosso interlocutor. Frisando estar esta empresa “mais focada” naqueles dois últimos tipos de cliente, nomeadamente “o que quer melhor ou aquele que quer uma relação qualidade/preço mais justa”, e não tanto no cliente que procura gastar pouco dinheiro porque só quer o material sem preocupações de qualidade, António Gonçalves diz ser com esta política que a sua empresa tem vindo a crescer: “Estamos vivos e a lutar pelos nossos objectivos!”

Como é que tudo começou para a GoncalTeam?

O início da actividade aconteceu na garagem de minha casa que rapidamente se tornou pequena, ao ponto da própria casa se ter transformado num armazém completo. Por essa altura, fui colocado perante uma opção, ou saía de casa, eu e as minhas coisas, ou arranjava um armazém. Optei por permanecer com a esposa e arranjei um armazém que inicialmente alugámos. Comprámos depois este armazém em 2009 e, há cerca de quatro anos, encontrámos também um armazém no Porto, através do qual expandimos a nossa actividade. Neste momento temos o nosso stock espalhado entre as duas áreas em que nos encontramos, possuímos uma área coberta nos dois armazéns bastante significativa, e estamos a funcionar deste modo.

Qual é a dimensão da GoncalTeam em termos de recursos humanos?

– Actualmente somos 14 elementos e a tendência será para fazer crescer este número, isto porque procuramos mais elementos. Está a faltar-nos pessoas, nomeadamente na área da assistência técnica. A área comercial está bem estruturada e estamos satisfeitos com aquilo que temos, mas na área da assistência precisamos de procurar mais técnicos especializados. Queremos por isso técnicos formados, ou que tenham a capacidade de realizar a aprendizagem, mas o nosso mercado não nos alimenta e todas as empresas deste sector têm enorme dificuldade em arranjar técnicos capazes.

Quanto à formação…

Nós temos capacidade de formação. Aliás, já formámos alguns técnicos que, entretanto, saíram para o mercado, mas procuramos pessoas nesta área. Neste momento, podemos absorver pessoas que formamos, mas é possível também receber técnicos já formados que se encontrem no mercado.

Está então a empresa em condições de formar os seus próprios colaboradores?

A estrutura que a GonçalTeam tem actualmente montada permite alimentar essa necessidade ao nível da formação, mas existe falta de meios humanos. Se um qualquer indivíduo quiser ser comercial, técnico ou formador, só tem que vir ter connosco pois nós formamos essas pessoas. Trabalhamos com livros abertos, não guardamos segredos e damos ao nosso colaborador todas as hipóteses de ser o melhor profissional na sua área pois explicamos como é que isso se faz.

É caso para dizer que ao contrário do adágio popular, aqui a alma do negócio não é o segredo mas sim o conhecimento?

Sim, só trabalhamos bem com gente capacitada e mais do que o segredo, o conhecimento é a alma do negocio. 

Não há no nosso mercado quem não saiba tanto ou mais do que nós, e nós só temos capacidade de evoluir quando pensamos que há mais para saber.  Nas nossas formações, passar o nosso conhecimento para um colaborador não é um problema pois o que nós queremos é que esse colaborador apreenda rapidamente o que nós sabemos para que possa trazer mais-valias à nossa actividade. Isso faz com que o ambiente que temos na nossa empresa entre toda a equipa seja super saudável pois toda a gente quer partilhar os seus conhecimentos.

O foco desta actividade está no preço? Serão estes equipamentos caros?

A peça cara, na realidade não existe. A peça torna-se cara quando não responde às necessidades para a qual foi desenhada ou projectada. Nas vendas, contrariamente ao que se passa no nosso mercado nos últimos anos, o foco não pode ser o preço mas sim a rentabilidade do produto. Se um produto é rentável torna-se barato, se um produto é barato mas não é rentável fica exageradamente caro. Temos que olhar para as coisas como sendo um investimento.

Conhecer a realidade dos equipamentos é também um investimento...

Hoje em dia temos que ter avidez pelo conhecimento porque a velocidade com que as tecnologias evoluem é cada vez mais rápida. Temos por isso que estar constantemente a ler e a receber informação para acompanhar a velocidade com que acontece a evolução. Esta velocidade leva a que muitas empresas “empurrem” equipamento à toa para o mercado sem terem em conta o conhecimento do mesmo.

Ao falar no “empurrar” do equipamento estamos a falar na sua colocação no mercado a preços baixos?

O “empurrar” do equipamento à toa, normalmente, acontece pelo preço. Vejamos este exemplo: enquanto que nós temos alguns produtos na área do diagnóstico automóvel que são projectados para terem sete ou oito anos de actualizações, temos alguns produtos no mercado que são colocados no cliente e ao fim de um ano estão obsoletos, principalmente porque esses produtos não estão feitos para terem o desenvolvimento que se pretende. Nós, pelo conhecimento que temos e pela evolução que perspectivamos para o mercado, procuramos que o nosso equipamento possa acompanhar essa mesma evolução. Não o queremos vender pelo preço, não pretendemos que se torne tão só uma solução imediata, mas queremos principalmente que possa ser visto como uma solução a longo prazo. A formação, a actualização e o acompanhamento do cliente, são questões fundamentais que queremos ser capazes de oferecer no equipamento comercializado.

Algum equipamento está sempre sujeito a cópias menos regulares e à contrafacção…

Uma das coisas que nos tem preocupado desde que o primeiro dia em que entrámos no mercado, e que sempre me preocupou desde que avancei para este projecto, foi a diversidade de ofertas semelhantes de soluções existentes em que a única coisa que as dividia era um traço, entre o estar legal e ilegal. Quando, no mercado, há uma peça por mil euros e, aparentemente, a mesma peça por 300 euros, a tentação é enorme para a compra da peça por 300 euros. O problema é que rapidamente nos apercebemos que a peça mais barata, ou não é legal, ou não tem actualizações de software, ou este não é indicado para o espaço europeu, mesmo sabendo que todos os dias nascem novas empresas que fornecem o mesmo produto de forma não legal. O certo é que, infelizmente, existem clientes com porta aberta que acham que ao optarem por esse equipamento estão a fazer bons negócios, mesmo sabendo que hoje em dia é muito fácil verificar que está a ser usado equipamento ilegal

Estaos a falar de uma fiscalização deficiente?

O que se passa é que em Portugal estamos muito mais interessados em nos escondermos atrás de uma moita para verificar o excesso de velocidade do que colocar o carro policial bem visível junto a uma curva perigosa para com isso fazermos prevenção e evitarmos o acidente, e com isso está tudo dito. É preferível caçar uma multa de trânsito do que procurar que o mercado se auto-regule. O Estado não entende que a contrafacção nos prejudica e impede um melhor resultado para o bem comum. Depois, quando as pessoas querem comprar óleo e vão comprá-lo ao supermercado, querem comprar uma bateria e vão comprá-la ao supermercado, e ao mesmo tempo uma empresa que compra um tambor de 200 litros de óleo precisa de pagar o eco-valor, tem que estar registada e cumprir com todas as obrigações pela defesa do ambiente, tudo isso nos leva a concluir que há aqui dois pesos e duas medidas.

As pessoas que vão ao supermercado comprar óleo ou uma bateria também o fazem legalmente…

Sem dúvida que sim. Todo o restante processo é que resulta ferido de ilegalidade porque enquanto que o dono de uma oficina é obrigado a ter um tambor para o óleo velho, ou um espaço para as baterias gastas, e não pode ter uma gota de óleo no chão, já a pessoa que vai comprar o óleo ao supermercado, quando muda o óleo no seu veículo, alguém questiona o que vai acontecer ao óleo usado? Eu sei o que acontece… vão ser despejados numa sarjeta ao lado de minha casa. Do mesmo modo, um indivíduo que compra uma bateria no supermercado, desaperta os bornes da bateria velha e deixa esta no caixote do lixo, ou vende-a numa qualquer sucateira que pelo menos não será tão mau assim. Ora, as autoridades têm aqui uma larga área para trabalhar. 

Onde poderemos começar a combater as situações anómalas e penalizadoras para o mercado?

Onde eu acho que as coisas devem ser atacadas é na sua origem, e o problema começa quando há um comprador interessado em ter este produto fraudulento. Se não houver esse comprador, o vendedor tem que procurar outras actividades. Por isso, temos que começar por intervir junto das oficinas e fazer compreender aos seus proprietários que aquilo que ele está a comprar não lhe vai permitir os melhores resultados pretendidos. Aliás, nós somos confrontados com este tipo de situações todos os dias, e por diversas vezes nos dizem que têm este ou aquele equipamento que faz quase tudo igual ao que propomos nos nossos equipamento mas – surge sempre um “mas” – há sempre um ou outro ponto em que não corresponde. Ora é nessa altura que temos que sensibilizar os nossos clientes, dizendo-lhes, alto e em bom som, que devem apostar em equipamento legal pois é esse que permite os melhores resultados. 

Deve haver a consciencialização para a qualidade e mais fiscalização. Será esse o caminho?

O caminho é esse de modo conjunto porque a multa, por si só, não funciona. Enquanto o mercado não perceber que deve ter o produto correcto, não será a fiscalização que poderá resolver o problema. Aliás, se não há autoridades em número suficiente para travar a criminalidade nas ruas, também não haverá elementos das forças policiais para andar a bater às portas das oficinas e dos mercados neste tipo de negócios, sendo necessário um trabalho de todas as empresas para que o cliente possa perceber que, no longo prazo, consegue ter o equipamento actualizado, desenvolvido, com assistência técnica devida e no melhor funcionamento. Ao mesmo tempo, para quem insistir no equipamento fraudulento, será necessário que este, quando o cliente o procurar actualizar, seja bloqueado e deixe de funcionar. Só assim é possível combater este problema, mesmo sabendo que o mercado da contrafacção é enormíssimo.

Qual foi a faturação da GoncalTeam no último ano de actividade?

Em 2018, a GonçalTeam cresceu em 13 a 14 por cento relativamente ao ano anterior, tendo faturado um montante aproximado na ordem dos 1,8 milhões de euros. Ainda assim, o que me preocupa é podermos chegar ao final do ano, ter as coisas equilibradas, ter os colaboradores satisfeitos à minha volta.

E em relação ao futuro, para onde caminha a GonçalTeam?

Nós temos um projecto desde o início que passa por conseguir uma estabilização e passar a empresa depois por diversas gerações, não necessariamente pela minha família, mas que fossem surgindo pessoas que levassem a empresa para a frenteEstamos por isso a procurar continuar no mercado, com a empresa sempre dinâmica e com novas valências, e a tudo fazermos para a empresa possa crescer, tornarmo-nos numa empresa com um nome cada vez maior e mais implementado, e é isso que se pretende, independentemente de quem esteja a gerir.

“FOMOS ALARGANDO A NOSSA GAMA TENDO SEMPRE O AUTOMÓVEL COMO ‘CORE BUSINESS’ DA NOSSA ATIVIDADE”

“A PEÇA 

CARA 

NÃO EXISTE. TORNA-SE 

CARA QUANDO NÃO RESPONDE ÀS NECESSIDADES PARA AS QUAIS FOI DESENHADA”