LEIA AQUI A OPINIÃO DE MIGUEL VASSALO

A covid-19 está a causar disrupções económicas e sociais de vária ordem potenciando o processo de transformação digital das empresas.

Nas últimas semanas a adoção em massa de soluções, ferramentas e serviços digitais tem ajudado as empresas a manter (e algumas a fazer crescer) a sua atividade e as pessoas a gerir com a normalidade possível o seu quotidiano. Com as vendas físicas a colapsar as empresas têm intensificado a sua presença na internet e em alguns casos a construir de raiz o seu negócio online.

Assistimos assim atualmente a uma aceleração sem precedentes para o que se costuma chamar a economia digital. As verdadeiras consequências para o sector automóvel da COVID-19 são ainda uma incógnita. No entanto, é já claro que o impacto no retalho está a ser bastante negativo com o encerramento compulsivo dos stands de vendas e grandes desafios nas operações pós-venda.

Esta difícil situação, se ao mesmo tempo coloca a descoberto as fragilidades de uma indústria que tem tido dificuldade e até tem mostrado alguma resistência em abraçar o que de melhor se faz noutras indústrias (talvez até uma das últimas a digitalizar-se), tem mostrado um louvável pragmatismo e uma capacidade admirável de reagir com rapidez às atuais adversidades, através de iniciativas digitais de marketing e vendas.

Desde logo a nível institucional, do ponto de vista de marketing e comunicação, as marcas têm reforçado os seus esforços de comunicação digital transmitindo mensagens que ativam a ligação emocional com o seu público alvo. Já ao nível do terreno as concessões utilizam as redes sociais para comunicar que não estão totalmente fechadas e promover os serviços que têm disponíveis para atender às necessidades dos seus clientes.

No que às vendas diz respeito, fabricantes têm lançado novos modelos e ministrado diversos tipos de formações às respetivas redes de concessionários utilizando os vários canais online disponíveis. Ambos têm desenhado e implementado novos processos de venda digital onde

através de videoconferência mostram o produto, interagindo com potenciais clientes e entregam carros à porta, respeitando apertados protocolos de higienização e segurança.

Na área dos usados, concessionários e comerciantes independentes apressam-se a garantir que todo o seu stock atual está recondicionado (aproveitando o decréscimo de atividade nas oficinas), bem fotografado e devidamente descrito e anunciado nas suas páginas web próprias e portais. Alguns até promovendo eventos especiais de venda online nesta altura.

Se nos primeiros dias após o choque a prioridade era preservar a saúde e segurança dos colaboradores ao mesmo tempo que se tentava garantir a sua capacidade para continuar a trabalhar remotamente (nos casos em que era possível), rapidamente foi necessário implementar duras medidas para assegurar a sobrevivência financeira das organizações, tentando tanto quanto possível aumentar a liquidez e reduzir custos.

Posteriormente, foi então necessário adaptar a abordagem de marketing e vendas para esta nova realidade. E claramente, nesta fase, observamos que o retalho digital está a fazer parte central do plano de continuidade das empresas. Se no passado parecia ser uma opção que apenas alguns abraçavam, agora é uma necessidade que muitos vêm essencial à sobrevivência.

Podemos dizer até que este é um esforço inglório uma vez que a quebra na procura é de tal forma desmesurada que no final é um trabalho efetuado em vão. No entanto, apesar das vendas (poucas) que se fazem, este é um laboratório por excelência.

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É uma forma de na prática desenvolver num curto espaço de tempo (na realidade a par com o que está a acontecer com a humanidade) as capacidades digitais das empresas e pessoas. Um caminho para enfrentar um previsível novo mundo que se perspetiva diante dos nossos olhos, sob pena de quem não o trilhar correr fortes riscos de perder a atenção do cliente e consequentemente quota de mercado.