PSA E FCA PREPARAM-SE PARA “OFERECER” FURGÕES À TOYOTA

A fusão entre os franceses da PSA e os italo-americanos da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) é a negociação mais falada da indústria automóvel no último ano, pois promete originar o 2º maior grupo europeu do sector. Mas, para poder concretizar-se, a Comissão Europeia obriga a que italianos e franceses reduzam a quota que, em conjunto, detêm no mercado dos pequenos veículos comerciais, ao abrigo da lei antitrust.

A PSA, liderada pelo português Carlos Tavares, fabrica na sua fábrica de Sevelnord, em França, os furgões Citroën Jumpy e Peugeot Expert, produzindo igualmente o Toyota Proace para a marca japonesa, modelo que recorre ao mesmo chassi, carroçaria e mecânicas, sendo as (poucas) diferenças ao nível da frente. O que terá sido proposto à Comissão Europeia passa por incrementar o volume de produção de Sevelnord, de forma a aumentar o número de unidades com emblema Toyota, sendo que estes furgões podem mesmo ser fornecidos praticamente a preço de custo, uma “prenda” com que certamente a marca japonesa não contava.

De acordo com a Automotive News, a PSA apresentou esta proposta à Comissão, três meses depois de esta ter obrigado à redução do peso do novo grupo nos veículos comerciais. Segundo os responsáveis pela União Europeia, há 14 países em que PSA e FCA deteriam uma posição demasiado forte, restando saber se a alternativa de incrementar o volume de vendas da Toyota, nestas condições, será aceite pelo legislador. A ser aprovada esta proposta, a Stellantis, assim se vai denominar o novo grupo, poderá tornar-se oficial durante o 1º trimestre de 2021.

Entretanto foi anunciada a compra, por parte da PSA, de 10 milhões de acções que os chineses da Dongfeng detinham no grupo francês, por um total de 163,8 milhões de euros. Isto corresponde a cerca de 1,1% das acções da PSA, com a Dongfeng a manter ainda na sua posse 20,7 milhões de títulos, que os franceses pretendem adquirir na totalidade até final deste ano. Mesmo após esta venda, os chineses manterão 4,5% da futura Stellantis, em vez dos 6,2% que estavam anteriormente pensados, numa tentativa de passar sob o radar do Governo de Donald Trump.