OBSERVATÓRIO INDICATA | FORTE PROCURA E MENOS RESTRIÇÃO NA OFERTA PERMITEM CRESCIMENTO DAS VENDAS

De acordo com o 9.° relatório do Observatório INDICATA, a procura desenfreada suscitou o crescimento do mercado europeu de veículos usados desde que os bloqueios foram levantados.

No passado mês de setembro, o mercado de automóveis usados subiu 18% em termos gerais. No entanto, este abrandamento parece ter sido causado por restrições de oferta, ao invés de um abrandamento da procura, com os stocks dos retalhistas a caírem 15% entre junho e setembro deste ano. Estas são, de resto, as principais conclusões do último relatório do Observatório INDICATA.

Desde o fim dos bloqueios, o mercado europeu tem dado sinais significativos de aumento da procura e de crescimento ano após ano. Como tal, a taxa de crescimento começou a abrandar (de 13,2% em junho para 10,3% em agosto).

Em setembro, o mercado europeu de automóveis usados deu mais um passo em frente, com os volumes homólogos a crescerem, significativamente, em 18,4%. A maioria dos principais mercados está a avançar. Mesmo o do Reino Unido, que tinha evidenciado um nível de redução (em agosto baixou 3,3%), deu, agora, um salto em alta à medida que os constrangimentos de abastecimento diminuíram.

Para compreender melhor a relação entre a oferta e a procura, o Observatório INDICATA atualizou a sua análise para aferir não só os volumes, mas, também, a rotação de stock dos mercados. Se os volumes estão em baixa, mas a rotação de stock aumentou, então é um verdadeiro sinal de um mercado que está limitado pela oferta, refere o 9.° relatório.

“Em setembro de 2020, o mercado de veículos usados subiu 18% em termos globais, sugerindo que se a procura desenfreada estivesse a terminar, estaria a ser substituída pela procura subjacente”, referiu Andy Shields, diretor global do INDICATA. As vendas de motorizações “amigas” do ambiente (BEV e HEV) continuam a aumentar significativamente (em setembro, subiram, respetivamente, 123% e 104% em termos homólogos).

“No entanto, embora ligeiramente mais elevada, a rotação de stock de motorizações mais ambientais está muito abaixo da média do mercado (4,4 vezes e 5,4 vezes, respetivamente), sugerindo que o crescimento é impulsionado pelo excesso de oferta, tanto quanto a procura subjacente. Por conseguinte, os preços são menos firmes”, acrescentou Andy Shields.

Os preços globais mantêm-se firmes, quando se esperava uma pequena descida do índice de preços, sugerindo que o mercado continua equilibrado e que a procura subjacente ainda excede quaisquer aumentos da oferta. “Embora existissem sinais de que os níveis da covid-19 estavam a aumentar e que se esperasse uma segunda vaga, pelo menos em setembro, a procura continuou forte, a oferta permaneceu equilibrada e os preços encontraram-se estáveis”, concluiu o diretor global do INDICATA.

Realidade nacional

Em agosto de 2020, Portugal subiu 39% e, nessa altura, questionou-se se este crescimento poderia ser sustentado se a escassez de stocks se agravasse. No entanto, no passado mês de setembro, as vendas mantiveram-se elevadas, apesar de uma nova redução de 4% nos stocks dos retalhistas, subindo 36,2% em termos homólogos.

Embora a rotação de stock esteja, efetivamente, em alta comparativamente a outros países europeus, provém de uma base mais baixa, o que, aliado a uma robusta capacidade de importação de automóveis, permitiu a Portugal satisfazer uma forte procura.

As rotações de stock de BEV e HEV são muito inferiores às das alternativas de combustão interna. E essa oferta desafogada permitiu um crescimento significativo do volume de vendas (66% e 70%, respetivamente). Assim, a rotação de stock de gasolina e manteve-se forte e foi a que mais aumentou (51%), como resultado de uma subida significativa dos volumes de vendas (90%).

A rotação de stock de veículos com menos de um ano é sempre naturalmente mais baixa do que as de outras faixas etárias, refletindo o efeito da publicação de viaturas de demostração que não estão realmente à venda. No entanto, foram os segmentos sub-1 e 1-2 anos que mostraram mais constrangimentos, com as rotações de stock a crescerem 74% e 66%, respetivamente.

Os preços tiveram, até à data, seguido a descida natural do ciclo de vida do produto (tem sido utilizada uma amostra constante de veículos). No entanto, embora a diminuição esperada dos preços tenha abrandado, a baixa rotação de stock e a disponibilidade das importações condicionaram os aumentos de preços, apesar do elevado crescimento da procura e das vendas.

O relatório completo, que demonstra a realidade em diversos países europeus, pode ser consultado aqui.