INSPEÇÃO AUTOMÓVEL COM REGRAS MAIS APERTADAS A PARTIR DE 1 DE NOVEMBRO

Como já havíamos noticiado no passado dia 15 de setembro, a partir de 1 de novembro, quando levar o carro à inspeção periódica, a lista de exigências já será mais extensa e rigorosa. Uma das principais novidades é a fiscalização do número de quilómetros dos veículos, entre duas inspeções, para detetar manipulações no conta-quilómetros de carros usados para vender. Outra mudança centra-se no controlo das operações de recall (quando as marcas solicitam a recolha de automóveis às oficinas para reparar anomalias), nas situações que envolvem questões de segurança e de proteção do ambiente.

Deficiências dos carros comparadas

As mudanças no quadro de classificação das deficiências técnicas, anunciadas pelo Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT), significam, na prática, que as regras passam a ser mais apertadas. Mas não só. A transposição da diretiva 2014/45/UE resulta na harmonização, no espaço da União Europeia, das inspeções e da forma como o grau de deficiência dos problemas detetados é atribuído.

Um dos ponto-chave assenta, assim, na clarificação e na uniformização dos critérios para a classificação das falhas, base para uma maior transparência e igualdade. Ou seja, o tipo de deficiências encontradas pelos inspetores nos automóveis é suscetível de ser comparado entre os centros de inspeção. A classificação de uma deficiência como “tipo 1” num centro, por exemplo, deverá sê-lo em todos os outros, e em qualquer um dos 27 países da União Europeia. Pressupõe-se igualmente que a definição das deficiências seja redigida de forma a ser compreendida pelos proprietários dos veículos, através de uma linguagem menos técnica.

Falhou ao recall? Chumba na inspeção

O chumbo na inspeção periódica é uma certeza, segundo as novas orientações, se um inspetor detetar que um carro não foi objeto de intervenção, na sequência de uma operação de recall. Quando entram em jogo questões de segurança e aspetos relacionados com a proteção ambiental, o proprietário tem a obrigação de levar o veículo à oficina, tal como solicitado pela marca. Este ponto assume especial importância no contexto do Dieselgate, escândalo que rebentou ao descobrir-se que a Volkswagen havia instalado ilegalmente, nos seus veículos, um software que reduzia artificialmente a libertação de monóxido de azoto durante o teste de emissões.

Quilómetros debaixo de olho

O controlo do número de quilómetros do automóvel entre duas inspeções é outra alteração. O objetivo é acautelar a manipulação do conta-quilómetros quando está em causa a venda de veículos usados. Está estipulado que o número de quilómetros será anotado na ficha de inspeção, mantendo-se como informação obrigatória nas inspeções seguintes.

Híbridos e elétricos com vida própria

O aparecimento de novas soluções tecnológicas conduziu à necessidade de preencher o vazio na regulamentação de deficiências específicas para a componente elétrica. Um anexo especial contempla agora os veículos híbridos e elétricos, contabilizados já em mais de 50 mil, em Portugal. O estado de conservação das baterias e do seu compartimento, bem como circuito elétrico de alta tensão, por exemplo, são itens a verificar.

As alterações no quadro de classificação das deficiências técnicas estipulam também as especificidades dos veículos de transporte coletivo de crianças e de transporte de deficientes com mais de nove lugares (categoria M2 e M3). Alguns dos pormenores a verificar: sinalização, estado e utilização correta do dístico, tipo e estado das janelas e das portas e saídas de emergência.

Segurança reforçada

O novo enquadramento da inspeção automóvel introduz ainda mais pontos de verificação de anomalias relacionadas com os sistemas de segurança ativos EBS (Sistema de Travagem Eletrónico) e ESC (Controlo Eletrónico de Estabilidade).

A transposição da diretiva comunitária para a realidade nacional prevê também a definição de novos valores máximos de opacidade (método de verificação dos gases de escape dos motores a diesel). Com a introdução desta medida, aumenta a probabilidade de os veículos nos quais se anulou o filtro de partículas ou a válvula EGR serem detetados na inspeção periódica.