Europa quer criar líder em baterias para carros elétricos

Impulsionada pelo apoio estatal de pelo menos 6,1 mil milhões de euros e planos de investimento que totalizam 10 vezes esse valor em apenas um ano, a corrida para o surgimento de um campeão regional já começou.

Com a expectativa de que a Europa lidere as vendas globais de carros elétricos pelo segundo ano consecutivo, uma corrida para construir do zero uma cadeia de fornecimento de baterias está a acontecer um pouco por todo o continente.

Depois de anos a ceder o negócio de baterias de veículos elétricos a empresas estrangeiras, a Europa quer entrar nesse mercado. Possíveis fabricantes surgem na região nórdica, Alemanha, França, Reino Unido e Polónia, numa competição transcontinental para eliminar o domínio da chinesa Contemporary Amperex Technology e da coreana LG Energy Solution.

Impulsionada pelo apoio estatal de pelo menos 6,1 mil milhões de euros e planos de investimento que totalizam 10 vezes esse valor em apenas um ano, a corrida para o surgimento de um campeão regional já começou. Os concorrentes incluem as start-ups Northvol, da Suécia, Britishvolt, do Reino Unido, e Automotive Cells, de França, e potências como a Tesla e a Volkswagen. A BloombergNEF estima que o continente poderá aumentar a participação na produção global de baterias para 31% em 2030 em relação a apenas 7% no ano passado.

“Estamos a criar uma nova indústria na Europa; estamos a criar um ecossistema completamente novo”, declarou Maros Sefcovic, vice-presidente da Comissão Europeia que supervisiona a iniciativa de baterias. “Os investimentos estão realmente a entrar.”

Sefcovic estimou os investimentos planeados em 2019 em cerca de 60 mil milhões de euros, o triplo do valor gasto na China. Estes totais impressionantes cobrem toda a cadeia de abastecimento, desde matérias-primas até à montagem e reciclagem.

Entre regras mais exigentes de emissões e coimas por as violar, as vendas de veículos elétricos – tanto os de baterias elétricas como os modelos híbridos plug-in – mais do que duplicaram no último ano na Europa, atingindo as 1,3 milhões de unidades, ultrapassando pela primeira vez a China.

Este número pode transformar-se, já este ano, nos 1,9 milhões de carros elétricos vendidos, à medida que a Volkswagen, Stellantis e BMW fazem planos de novos modelos, enquanto a Ford e a Volvo se comprometem a tornar-se quase totalmente elétricas.

A Comissão Europeia avançou a meta de ter, pelo menos, 30 milhões de carros com zero emissões a circular nas suas estradas até 2030, ambicionando que as fábricas europeias pudessem cobrir mais de 90% da procura por baterias.

A pressão recai sobre países como a Alemanha, França e Bélgica, que estão desconfortáveis com o facto de os fabricantes automóveis, que são grandes empregadores, estarem dependentes de fornecedores de baterias fora da Europa.

Existem, de momento, planos para 27 localizações diferentes de produção de baterias na Europa, que podem dar origem a pelo menos 50 gigawatts-hora de células ainda esta década, estima Jean-Pierre Corniou, um antigo executivo da Renault SA, agora partner na empresa de consultoria SIA Partners.

Lá fora continuam a dar cartas

A CATL, a maior produtora de células recargáveis, vai investir 12 mil milhões de dólares para adicionar cerca de 230 gigawatts da capacidade em todo o mundo, nos próximos quatro anos. A chinesa Ningde, que fornece o material às maiores marcas de veículos elétricos atualmente, deverá passar a produzir na Alemanha em breve.

Fonte: Jornal de Negócios

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