Gigante chinesa de veículos elétricos vale 87 mil milhões e ainda não vendeu um carro

As ações da Evergrande NEV, negociada em Hong Kong, subiram mais de 1.000% nos últimos 12 meses, o que permitiu à empresa levantar minhares de milhões de dólares em novo capital.

O enorme showroom da China Evergrande New Energy Vehicle fica no coração do Centro Nacional de Exposições e Convenções de Xangai. Com nove modelos em exibição, é difícil passar despercebido. A novata em carros elétricos tem um dos maiores stands do Salão do Automóvel da China 2021 (Auto Shanghai 2021 Motor Show), que começou na segunda-feira, em frente à famosa fabricante alemã BMW. No entanto, a sua presença ousada esconde uma verdade incómoda: a Evergrande não vendeu um único carro da própria marca.

A maior promotora imobiliária da China tem uma série de investimentos fora do setor, de clubes de futebol a residências para reformados. Mas foi a recente entrada em carros elétricos que capturou a atenção dos investidores. As ações da Evergrande NEV, negociada em Hong Kong, subiram mais de 1.000% nos últimos 12 meses, o que permitiu à empresa levantar milhares de milhões de dólares em novo capital. A companhia tem agora um valor de mercado de 87 mil milhões de dólares, mais que o da Ford Motor e General Motors.

Tanta exuberância em torno de uma fabricante que repetidamente atrasou as previsões sobre quando produzirá um carro em larga escala é emblemática da crescente valorização de empresas de veículos elétricos no último ano, com investidores a apostar num rally que por breves instantes tornou Elon Musk a pessoa mais rica do mundo e tem levantado preocupações sobre uma bolha. Talvez em nenhum outro lugar tal seja mais evidente do que na China, com o maior mercado mundial de carros elétricos, onde um número impressionante de 400 fabricantes de veículos elétricos disputa agora a atenção dos consumidores, liderados por startups com mais valor do que fabricantes estabelecidas, mas que ainda não deram lucro.

A Evergrande NEV entrou relativamente tarde nesse campo.

Em março de 2019, Hui Ka Yan, presidente do conselho da Evergrande e um dos homens mais ricos da China, prometeu enfrentar Musk e tornar-se o maior fabricante mundial de veículos elétricos em três a cinco anos. O crossover Model Y da Tesla tinha acabado de fazer a sua estreia global. Nos dois anos seguintes, a Tesla ganhou uma posição invejável na China, estabelecendo a sua primeira fábrica fora dos EUA e entregando cerca de 35.500 carros em março. A rival chinesa Nio no início deste mês atingiu um marco significativo com 100 mil carros elétricos produzidos, levando Musk a dar os parabéns à empresa através de um tweet.

Apesar das suas ambições e do elevado valor de mercado da Evergrande NEV, Hui tem repetidamente recuado nas metas de produção de automóveis. O círculo de amigos ricos do magnata, entre outros, acumularam muitos milhões, mas fabricar carros – elétricos ou não – é difícil e exige muito capital. As margens brutas da Nio entraram em terreno positivo apenas em meados de 2020, após anos de perdas pesadas e ajuda de um governo municipal.

Fonte: Jornal de Negócios

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