Projeto Beato BioBus une PRIO e Carris para descarbonizar transportes públicos em Lisboa

Um dos caminhos mais importantes para alcançar a neutralidade carbónica passa por transportes públicos mais sustentáveis. Nesse sentido, a cidade de Lisboa contará, a partir do segundo semestre deste ano, com uma nova carreira movida a Zero Diesel (isento de petróleo), num esforço conjunto entre a PRIO e a Carris, que permitirá reduzir substancialmente a pegada ambiental num percurso da operadora de transportes.

O projeto Beato BioBus resulta do esforço concertado entre a PRIO e a Carris, sendo o combustível desenvolvido pela primeira na sua Fábrica de Biocombustíveis de Aveiro: inteiramente produzido através de matérias-primas residuais, este é um Diesel “totalmente livre de petróleo”, que permite reduzir em cerca de 84% as emissões de gases com efeitos de estufa em comparação com os tradicionais combustíveis fósseis, não sendo necessário efetuar qualquer alteração aos motores.

No total, serão até oito autocarros movidos a Zero Diesel e que irão servir o Hub Criativo do Beato, já a partir do segundo semestre de 2021. De forma a promover a economia circular, vão ser instalados vários oleões avançados e simples na zona do Hub Criativo do Beato de forma a recolher a maior quantidade possível de óleos alimentares usados que irão ser transformados em biocombustível para abastecer os autocarros da carreira que irá servir a zona. As duas empresas esperam que com o Beato BioBus seja possível poupar-se mais de 400 mil litros de gasóleo e cerca de 1118 toneladas de emissões de CO2 por ano.

Este projeto nasce da candidatura da Startup Lisboa, com a direção técnica da Lisboa E-Nova, ao EEA Grants, Programa Ambiente para a criação do Hub Criativo do Beato Living Lab, que contempla também outros oito projetos. Além dos objetivos estabelecidos com o concurso dos EEA Grants, a PRIO e a Carris vão aproveitar as sinergias para estudar e monitorizar a performance dos veículos, o que permitirá publicar um estudo de caso sobre o desempenho de autocarros com base em diferentes tipos de energia.

Para a Carris, este é um projeto que vem ao encontro da ambição de mudança energética da transportadora lisboeta, como destaca António Pires, Vice-Presidente. “Este projeto enquadra-se na estratégia global da Carris de melhorar o desempenho ambiental da sua operação e de procurar novas formas de se envolver com os seus clientes. Depois de termos realizado um piloto com sucesso para comprovar a viabilidade de usar este biocombustível, queremos agora promover um exemplo inovador de economia circular em Lisboa, com os nossos clientes a poderem ‘abastecer’ os autocarros que os transportam com os seus próprios resíduos”.

Por seu turno, Emanuel Proença, Administrador-Executivo da PRIO, confessou-se esperançado que este projeto demonstre a viabilidade dos biocombustíveis como uma alternativa mais simples e imediata no caminho de transição para a eletrificação.

“O conceito de economia circular perfeita que este projeto traz constitui uma forma vencedora de promover e acelerar a transição energética: resíduos que se transformam em energia limpa, usada em veículos pesados que não precisaram de qualquer alteração, e uma frota que de um dia para o outro se tornou ultra-sustentável. O Zero Diesel é mais uma arma no arsenal completo que temos de combate às alterações climáticas na mobilidade, juntando-se a outros 10 produtos que vão da eletricidade verde ao hidrogénio verde. Vamos continuar a acelerar soluções como estas, para trazer para o mercado as melhores formas de gerar economias de carbono para qualquer frota, em qualquer situação de utilização e em qualquer contexto empresarial ou particular.”

As duas empresas já tinham colaborado anteriormente no desenvolvimento de um projeto-piloto, Movido a Biodiesel, que entre agosto de 2018 e maio de 2020, permitiu abastecer uma carreira de seis autocarros com Zero Diesel. Durante esse período de tempo foram transportados cerca de dois milhões de passageiros durante mais de 320.000 quilómetros graças à reciclagem de 205.000 litros de óleos alimentares usados, que permitiu poupar o equivalente a 500 toneladas de emissões de CO2.

Fonte: Motor 24

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