Salão de Munique | Regresso da indústria automóvel à Europa faz-se em modo eléctrico

Chegou a vaticinar-se que a pandemia teria matado os salões de automóveis, mas eis que, ano e meio após o cancelamento de Genebra, a Alemanha abre as portas para receber novas ideias de mobilidade, com o sector a mostrar que está preparado para o fim dos carros a combustíveis fósseis, apontado na União Europeia para 2035.

O Salão de Munique (IAA, na sigla original) abriu as portas, na terça-feira, ao público, mas na véspera foi possível à imprensa espreitar os trunfos que o sector guarda na manga. E, ao mesmo tempo que se tenta projectar um futuro ainda difícil de adivinhar, como com o caso do PAL-V, o primeiro carro voador a obter homologação europeia para andar nas estradas, há quem faça do futuro presente e mostre que está bem preparado para a morte anunciada dos motores de combustão interna, que dentro de 15 anos deixarão de poder ser fabricados para o mercado da União Europeia.

A exposição, que este ano se deslocou de Frankfurt para Munique, está longe do seu formato habitual, ao mesmo tempo que a pandemia de covid-19 e a crescente preocupação com as alterações climáticas lançaram uma sombra desconfortável sobre o evento, já sob pressão dos números decrescentes de presenças nos anos anteriores: de 930.000 em 2015 para apenas 560.000 em 2019. Também nos stands, há algumas ausências de peso: Ferrari, Jaguar Land Rover,​ Stellantis (que representa de uma assentada 14 marcas, nomeadamente a alemã Opel) ou Toyota preferiram deixar as suas ideias para apresentar noutros espaços.

Por tudo isto, não é de admirar que as novidades sejam sobretudo movidas a electricidade, ao mesmo tempo que vários emblemas se esforçam para repensar a forma como se vive a cidade, com o regresso dos microcarros. E o maior salão automóvel da Alemanha acompanha a tendência, assumindo que a mobilidade já não anda à volta apenas dos veículos de quatro rodas.

“Motores amigos do ambiente, conectividade digital dos transportes — é disso que se trata nesta feira”, disse, citado pela Reuters, Hildegard Müller, presidente da associação industrial VDA, que organiza a feira bianual, numa conferência de imprensa. “O objectivo da protecção climática está a guiar-nos.”

No entanto, as promessas não parecem estar a criar confiança. “Acrescentar ‘mobilidade’ ao nome do evento” e dar prioridade aos seus e-modelos “não fará o truque enquanto continuarem a vender principalmente motores de combustão”, disse à Reuters Marion Tiemann, perita em transportes da Greenpeace na Alemanha, classificando o evento como uma “bonança da lavagem verde”. Afinal, acusam os activistas e grupos ambientalistas, os fabricantes de automóveis ainda ganham a grande maioria do seu dinheiro com as vendas de SUV a gasóleo e a gasolina, a carroçaria da moda que, devido às suas dimensões e potências associadas, não é conhecida pelas parcas emissões.

Fonte: Público

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