O primeiro camião movido a gás 100% natural já circula em Portugal

Projeto pioneiro da Dourogás e Havi quer demonstrar que o biometano é uma oportunidade para acelerar a transição energética sustentável no setor dos transportes pesados.

Durante um mês, o camião do operador logístico Havi irá percorrer mais de oito mil quilómetros, transportando bens alimentares sem emitir CO2. O transporte, já em circulação, é o primeiro pesado de mercadorias movido a biometano 100% renovável e resulta da parceria entre a Dourogás e a Havi, em colaboração com a Scania, o seu fabricante fornecedor.

O projeto tem como objetivo apresentar mais uma solução de descarbonização e servirá sobretudo para demonstrar que o biogás é uma oportunidade para acelerar a transição energética sustentável dos transportes pesados. Os planos da Dourogás, aliás, passam por disponibilizar, até 2025, 50% de biometano de origem renovável, permitindo evitar, segundo a empresa, mais de sete mil toneladas de CO2 por ano.

Por comparação ao gasóleo, o Gás Natural Veicular (GNV) representa um benefício considerável para a qualidade do ar. Além de permitir a redução de dióxido de carbono em 20%, reduz também o monóxido de carbono (CO) em 30% e os óxidos de nitrogénio em 35%, destacam as empresas parceiras do projeto. A solução apresentada permite ainda neutralizar as emissões de dióxido de enxofre e reduzir em 95% as partículas em suspensão (ver caixa para mais informação sobre os poluentes).

“A parceria entre a Dourogás GNV e a HAVI, que materializamos com este primeiro enchimento, marca um passo importante no caminho para a realização de um dos objetivos da Dourogás: disponibilizar biometano de origem 100% renovável em todos os seus postos de abastecimento, até 2025”, explicou, em nota enviada à imprensa, João Filipe Jesus, diretor-geral da Dourogás GNV.

O biometano, disponível no posto de abastecimento da Dourogás, em Loures, é resultado de um projeto pioneiro de demonstração de conceito que permitiu usar desperdícios orgânicos para produzir energia de emissões neutras. O Biogasmove é, como tal, um gás totalmente renovável e que já abastece, aliás, a frota da Resíduos do Nordeste, com biocombustível obtido a partir da matéria orgânica recolhida pelas viaturas da própria empresa intermunicipal da região transmontana.

De acordo com as empresas envolvidas, o projeto também será testado pelas Águas do Tejo Atlântico que também assinou uma parceria com a Dourogás para produzir biometano a partir de lamas oriundas das suas estações de tratamentos de águas residuais (ETAR).

“Iniciativas como o Biogasmove e a parceria que apresentámos recentemente com a Águas do Tejo Atlântico, permitem-nos desenvolver o grande potencial que Portugal tem na produção de biometano verde seja com origem nos resíduos urbanos, nas lamas de ETAR ou outros”, acrescentou o responsável da Dourogás GNV.

Esta demonstração da Dourogás em parceria com a HAVI surge na sequência de uma das medidas do Consórcio Ibérico “ECO-GATE”, com a finalidade de melhorar a eficiência do mercado de gás natural veicular, através de soluções inovadoras que contribuam para uma mobilidade mais limpa e sustentável.

Os gases e as partículas que poluem as cidades

Dióxido de carbono (CO2) – é essencial para a vida do planeta, mas, em altas concentrações, provoca desequilíbrios no efeito de estufa – aumento da temperatura, degelo nos polos, subida dos níveis oceânicos e degradação acelerada de ecossistemas marinhos e terrestres. As suas origens são variadas – erupções vulcânicas, fogos florestais, queima de combustível ou agropecuária.

Monóxido carbono (CO) – resulta de reações ocorridas quando não há oxigénio suficiente para consumir todo o combustível. Em determinados níveis, reduz a capacidade de transporte de oxigénio no sangue e, em casos extremos, leva à morte. Nas zonas urbanas é, de entre todos os poluentes do tráfego rodoviário, o indicador mais expressivo da contaminação gerada nas horas de ponta ou em artérias muito congestionadas.

Partículas em suspensão – incluem as PM10 com impactos, sobretudo, na saúde de crianças, idosos ou asmáticos. Outra partícula incluída nesta categoria é a PM2,5. Com diâmetro até 2,5 micrómetros (um quinto de um fio de cabelo), elas alojam-se nos pulmões e entram na circulação sanguínea. O tráfego automóvel é a sua principal fonte de emissão. Investigações científicas sugerem que as partículas PM2,5 causam mais mortes e doenças do que todas outras exposições ambientais juntas.

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Fonte: Diário de Notícias

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