Em período de instabilidade nas cadeias de abastecimento, a falta de chips no mercado tem ditado um ritmo mais lento na produção e um aumento de preços generalizado. Melhoria pode ocorrer no segundo semestre do ano.
Apesar do início da crise sanitária que assolou o mundo estar a assinalar quase dois anos, as consequências económicas mantêm-se e tudo indica que o mercado automóvel precisará de mais tempo para regressar à normalidade. A consultora IHS Markit prevê mesmo que “a estabilização da oferta” comece a verificar-se no segundo trimestre deste ano, embora aponte para os primeiros sinais de recuperação apenas no segundo semestre. Perturbações na cadeia de logística, falta de semicondutores e aumento generalizado dos custos de produção continuam a ser três fatores a ter em conta na análise ao setor automóvel. É neste contexto de incerteza, mas também de revolução tecnológica que tem transformado o mercado, que nasce o Barómetro Automóvel, resultado de uma parceria TSF e Dinheiro Vivo com o Standvirtual.
Ao longo dos próximos 12 meses, a nova rubrica da estação de rádio do Global Media Group vai promover reflexões e conversas com especialistas do setor para analisar o presente e o futuro da indústria. A primeira conversa acontece já no próximo dia 3 de fevereiro.
Este novo espaço de análise surge num momento particularmente sensível, já que desde o início da pandemia de covid-19 que o setor enfrenta desafios relacionados com a escassez de matéria-prima, que tem impactado negativamente a produção mundial. A procura internacional por componentes como os semicondutores, essenciais nos automóveis modernos, não tem tido resposta à altura da oferta, nomeadamente dos fornecedores do continente asiático. Aliás, recorde-se que, em consequência desta situação, a Autoeuropa viu-se obrigada, por mais do que uma vez em 2021, a interromper a linha de produção.
Por outro lado, a crise de componentes junta-se a outros fatores de stress para o setor. Um dos principais é a adaptação da indústria às novas exigências ambientais, que têm forçado e acelerado a transição dos motores a combustão para as soluções híbridas, elétricas e até de hidrogénio. Vale a pena assinalar que muitas das principais marcas automóveis mundiais já confirmaram a intenção de matar os motores a gasóleo e gasolina ao longo dos próximos anos, reforçando o compromisso de redução das emissões de CO2 e o impacto dos veículos no ambiente.
A tendência para a adoção das novas soluções propostas pelo setor tem vindo a verificar-se um pouco por toda a Europa, ainda que a ritmos diferentes, e também em Portugal. Em território nacional, testemunhámos no último ano recordes nas vendas de veículos elétricos – novembro fica para a história como o primeiro mês em que a comercialização de veículos 100% elétricos ultrapassou as vendas de motores a combustão. De acordo com dados da Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), 18,1% das vendas na categoria de automóveis ligeiros de passageiros dizem respeito a opções 100% elétricas, acima dos 17,7% de veículos movidos a gasóleo.
Já 2021 terminou com dados positivos nesta matéria. Quando comparado com os números de 2020, o último ano assistiu a uma subida de 69%. Entre as razões que justificam este aumento da procura estão, dizem os especialistas, o aumento generalizado das autonomias elétricas propostas pelos fabricantes, mas também a expansão da rede pública de carregamento no país.
Conscientes da mudança de paradigma na indústria automóvel, acompanhada de uma maior consciencialização dos consumidores para o tema da transição energética, a TSF e o Standvirtual juntaram-se para criar o Barómetro Automóvel. Uma vez por mês, ao longo de todo o ano e em 12 talks, esta nova rubrica na antena da TSF convocará especialistas e analistas para debater os desafios do mercado e as novas áreas de negócio na mobilidade, mas também para perspetivar o futuro desta indústria que tanta paixão cria à sua volta.
Fonte: Dinheiro Vivo
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