Depois dos chips, as cablagens dos automóveis. Vem aí nova crise de componentes?

Depois dos chips, as cablagens dos automóveis. Vem aí nova crise de componentes?

Guerra na Ucrânia está a afetar o fornecimento peças para milhares de metros de cabos elétricos que são necessários para fabricar um automóvel novo.

2021 foi um ano de falhas tremendas na cadeia de fornecimento, mas o conflito na Ucrânia traz a ameaça de nova crise de componentes na indústria automóvel. Quem avisa é a associação alemã de fabricantes de automóveis (VDA), prevendo constrangimentos enormes nas rotas de transporte e nas transações comerciais, mas também novas falhas no fornecimento de matérias-primas.

“É difícil fornecer uma perspetiva confiável devido à situação altamente dinâmica. Mas uma coisa é clara: haverá mais interrupções na produção de veículos na Alemanha”, disse a VDA em comunicado na quarta-feira, explicando que há falhas no fornecimento do gás usado para produzir microchips para automóveis, proveniente da Ucrânia, também de paládio, um dos metais raros utilizados no fabrico de catalisadores – a Alemanha depende da Rússia para cerca de um quinto das importações – e minério de níquel, que é refinado para usar nas baterias de iões de lítio que equipam os veículos elétricos, importando do país invasor.

Mas não é tudo: De acordo com o Automotive News Europe, a Volkswagen, a BMW e a Porsche estão já com dificuldades em garantir o fornecimento de peças para as cablagens dos automóveis.

Um automóvel novo tem milhares de cabos, que colocados em linha reta percorreriam uma distância entre dois e cinco quilómetros, dependendo do modelo. Mas é debaixo da carroçaria que se arrumam, ramificando-se em dezenas de circuitos que garantem praticamente todas as funções de um carro e transferem energia de um lugar para outro, como acontece com o sangue que circula pelo corpo humano. Para o tornar possível são necessárias centenas de pontos de ligação e de fixação. E são esses mesmos arneses de cabos elétricos que começam a faltar.

Muitos fornecedores, localizados no oeste da Ucrânia, encontram-se fechados devido ao conflito armando. Entre estes está, por exemplo, a Leoni, uma das maiores empresas do mundo neste setor, com duas fábricas na região.

As quebras no fornecimento destes componentes já obrigaram a paragens nas fábricas alemãs de Zwickau (onde são produzidos diariamente 1.200 automóveis elétricos) e Dresden, de onde saem os modelos Volkswagen ID.3, ID.4 e ID.5 e os Audi Q4 e-tron e Cupra Born.

Devido a problemas semelhantes com o fornecimento de materiais, o Grupo BMW decidiu que, a partir da próxima semana, as fábricas em Munique e Dingolfing, ambas na Alemanha, irão suspender temporariamente a produção; paragens também previstas nas fábricas da MINI em Oxford, Inglaterra, e em Steyr, na Áustria.

A Porsche foi forçada a suspender a produção de Macan e Panamera na unidade de Leipzig, Alemanha. “Nos próximos dias e semanas vamos avaliar continuamente a situação”, diz a marca em comunicado oficial.

Fonte: Motor 24
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