Diplopia. O que faltava saber sobre a lesão de Marquez

Diplopia. O que faltava saber sobre a lesão de Marquez

A aparatosa queda sofrida no ‘warm-up’ no recém inaugurado traçado de Mandalika quando da segunda corrida do Mundial de MotoGP valeu a Marc Marquez uma comoção cerebral e vários pequenos traumatismos. Lesões que ditaram o impedimento médico para alinhar no Grande Prémio da Indonésia mas que, aparentemente, não teriam maiores implicações. No entanto, após a corrida ganha por Miguel Oliveira, Marc Marquez voltou a sentir algo que o assustou profundamente, conhecedor que era das limitações causadas pela diplopia. Os vários testes que realizou de imediato confirmaram os sintomas que o piloto sentiu na viagem de regresso a Barcelona e que ainda tinha bem fresco na memória, impedindo a presença no GP da Argentina..

Em novembro de 2021, uma queda num treino com moto de enduro, obrigou a exames clínicos que detectaram a existência de uma lesão a nível ocular e que impedira a presença nas duas últimas provas da temporada, em Portimão e Valência. Maleita que terá surgido em 2011, após uma queda nos treinos para o GP da Malásia e que ditaram a ausência nas duas últimas corridas da temporada (Malásia e Valência) e a entrega do título de Moto2 a Stefan Bradl. Agora, em Austin, Marc Marquez volta a um território onde sempre foi muito feliz, contabilizando sete triunfos nas pistas norte-americanas. E agora, o que poderá acontecer? Será que o catalão superou em definitivo a lesão e vai regressar com toda a capacidade que valeu 8 títulos mundiais? E o que espera MM93 em caso de nova queda violenta?

Ver a dobrar

Diplopia é um termo que designa a visualização de duas imagens do mesmo objecto. Cada olho cria a sua imagem do que o rodeia, o cérebro combina as representações de cada olho e apreende-as como uma única imagem criando ao mesmo tempo o efeito de profundidade. Tudo o que perturbe este processo pode causar diplopia. Pode acontecer por lesão dos músculos que mexem os olhos ou por lesão dos nervos que inervam (estimulam) os músculos a mexer.

Pode referir-se a um olho ou aos dois. Cria-se uma imagem deste tipo:

 

Se afetar apenas um dos olhos, quando esse olho está aberto há sempre diplopia, mesmo que se feche o outro. No entanto, se afetar os dois olhos, quando se fecha um dos olhos o efeito diplopia desaparece.

Na diplopia a segunda imagem é mais ténue que a outra, sendo que esta segunda imagem cria um efeito fantasma. Dependendo da distância que separa as duas imagens a diplopia pode ser confundida com visão enevoada.

A diplopia pode ser horizontal, vertical, ou ambos (diagonal):

Horizontal: a imagem dupla aparece lado a lado.

Vertical: uma imagem aparece acima da outra.

Diagonal: as imagens aparecem deslocadas quer horizontal quer verticalmente.

O desalinhamento das imagens é habitualmente reconhecido pelo paciente, porém, por vezes, pode só aparecer em certa direção do olhar ou até nunca aparecer por supressão cerebral da imagem do olho que está desviado. Os olhos mexem-se por controlo de 6 músculos e 3 pares de nervos cranianos. Uma lesão em qualquer um destes sistemas leva à dessincronização visual com consequente diplopia.

Se a lesão é local deve-se a uma alteração no olho ou à volta deste. Já se a lesão for cerebral, fica a dever-se à alteração nos nervos dentro do crânio, o que pode acontecer no seu trajecto como na sua origem.

O tratamento passa por realinhar o olho desviado, sendo a única solução mover a imagem do olho desviado, sobrepondo-a à outra quer pelo meio de prismas (que alteram a posição da imagem) quer por cirurgia.

Qualquer uma das opções exige uma precisão milimétrica já que qualquer desvio residual pode manter a diplopia mesmo que eventualmente em menor grau.

Muitas vezes, o que acontece quando se utiliza uma solução para diminuir o desvio é que sendo o desvio pequeno o próprio cérebro faz a compensação e desaparece a diplopia.

No caso de Marc Marquez, a diplopia assenta na paralisia do quarto nervo direito que, após as várias avaliações neuro oftalmológicas realizadas após o traumatismo craniano sofrido na Indonésia, foi decido ser tratado de forma conservadora e com exames médios periódicos. Assim, mas regressar a Barcelona após a prova no Circuit of The Americas (CoTA), o piloto da Honda/Repsol fará um novo check-up para avaliar a evolução da lesão.

Texto original escrito pelo site Motox.pt

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