Exportações europeias de automóveis batem recorde

A produção de veículos na UE recuperou os valores anteriores à pandemia. Portugal acompanha a tendência de eletrificação e continua a crescer na produção de carros, sendo líder europeu nas bicicletas.

A indústria automóvel europeia saiu completamente da crise de vendas provocada pela pandemia de covid-19. Segundo o organismo estatístico da UE, Eurostat, as exportações de automóveis da União Europeia atingiram 158 mil milhões de euros em 2022, o que supera o anterior recorde de vendas, registado em 2015, quando as exportações da UE (sem o Reino Unido) foram de 150 mil milhões. As importações, também no ano passado, cifraram-se em 62 mil milhões de euros, o que representou um excedente comercial muito favorável, de 96 mil milhões de euros.

Os números são também positivos na comparação com 2019, o último ano antes da pandemia e da forte recessão que acompanhou as restrições sanitárias. As exportações de carros, naquele ano, somaram 140 mil milhões e o excedente comercial do setor ficou abaixo de 80 mil milhões de euros. As exportações europeias no ano passado dirigiram-se sobretudo para os Estados Unidos, Reino Unido e China. No que se refere às importações da UE, a China é agora o maior fornecedor de automóveis fabricados fora da Europa.

Estes números, só por si, não permitem perceber a mudança radical que acompanha a recuperação das vendas, nomeadamente na eletrificação dos veículos. Segundo um recente relatório da Agência Internacional de Energia, que analisou a indústria em todo o mundo, houve uma ligeira quebra no negócio global de automóveis, em volume (menos 3% em relação a 2021), mas o mercado de veículos elétricos e híbridos cresceu 55% face ao ano anterior. Nas estradas do planeta circulam agora pelo menos 26 milhões de carros elétricos, afirma-se neste estudo, Global EV Outlook 2023.

Na Europa, também em 2022, os veículos elétricos representaram 21% das vendas totais, contra apenas 3% em 2019. Isto mostra a adesão rápida dos consumidores, o que sugere a maturidade da tecnologia e certamente se deve à queda dos preços. Na Alemanha, por exemplo, foram vendidos 830 mil veículos elétricos em 2022, dez vezes mais do que antes da pandemia, provavelmente devido a incentivos governamentais e à disponibilidade financeira, após dois anos de confinamentos.

O mercado português é apenas um exemplo da expansão rápida do automóvel elétrico no mercado europeu. Dados da Associação de Comércio Automóvel (ACAP) mostram que Portugal é um importante produtor de veículos e um mercado de carros elétricos em franca expansão. Entre janeiro e maio deste ano, a indústria automóvel nacional produziu 119 mil veículos de passageiros, contra 90 mil no mesmo período do ano anterior. Além disso, foram fabricados 31 mil ligeiros de mercadorias.

Ainda segundo os dados da ACAP, os carros a bateria vendidos em Portugal, no mesmo período, ultrapassaram os 14 mil, o que equivale a 14,9% das vendas. A isto, somam-se os 12 mil híbridos elétricos e mais de 4 mil híbridos não elétricos, o que permite concluir que a proporção nacional de automóveis com motores a combustão já baixou da fasquia de 70%.

Líderes nas bicicletas

A eletrificação também está a chegar depressa à produção de bicicletas, onde Portugal é de longe o líder europeu. Este mercado é o inverso do automóvel, pois a Europa é aqui essencialmente importadora. Em 2022, a UE exportou 1,1 mil milhões de euros em bicicletas e quase um terço deste valor foi da responsabilidade da indústria portuguesa.

As importações europeias foram equivalentes a 2,5 mil milhões de euros. Isto deveu-se ao enorme aumento na importação de bicicletas elétricas, tipicamente mais caras. A Europa importa as bicicletas não elétricas maioritariamente do Camboja e Tailândia. As elétricas vêm sobretudo de Taiwan.

Este facto é menos conhecido, mas Portugal é o maior produtor de bicicletas na Europa, produzindo um quinto destes veículos made in UE. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, as exportações portuguesas destes veículos de duas rodas, em 2022, atingiram 345 milhões de euros, cerca de 30% das exportações europeias em valor neste setor. Em compensação, as importações nacionais de bicicletas rondaram 34 milhões de euros, o que representou um grande excedente comercial para o setor.

Texto original escrito pelo site Dinheiro Vivo

#anecrarevista #volkswagen  #volkswagenautoeuropa #anecra #atualidade  #siva  #autoeuropa #aftermarket  #psa #fca #stellantis #fiat #abarth #peugeot