A lição de Portugal: porque se vendem ‘mais’ carros elétricos do que em Espanha?

Governo reabre incentivos à compra de veículos elétricos. Conheça as condições

A presença de carros elétricos em Portugal mais do que triplicou em relação a Espanha até agora este ano, e em julho atingiram uma quota de mercado de quase 17%, quatro vezes mais do que em Espanha.

As vendas de carros elétricos em Espanha continuam a aumentar mês a mês, mas a um ritmo muito mais lento do que a média europeia. Enquanto a quota de novos carros elétricos na Europa é de 13% até agora este ano, em Espanha não chega a 4,7% até julho (4,65% para ser preciso), quase três vezes menos do que a média europeia, de acordo com dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA).

A diferença é ainda maior quando comparamos os dados do mercado espanhol com os dos países vizinhos, como França e Portugal. De acordo com dados da ACEA, a presença de carros elétricos em França é de 15,2%, mais do triplo do que em Espanha. A diferença é ainda maior em relação a Portugal, onde a quota de carros elétricos registados nos primeiros sete meses do ano atinge os 15,7%, quase 3,4 vezes mais do que em Espanha.

Quota de mercado

O caso de Portugal coloca claramente em evidência o enorme atraso de Espanha na eletrificação da sua frota automóvel. As diferenças aumentam a cada mês. Enquanto em Espanha as vendas de carros elétricos representaram uma quota de mercado de 4,2% em julho, em Portugal alcançaram os 16,8%, exatamente quatro vezes mais do que no mercado espanhol. Com uma população quase cinco vezes maior (em Espanha vivem 47,4 milhões de pessoas em comparação com os 10,3 milhões de Portugal), o mercado espanhol vende apenas 26% mais carros elétricos do que Portugal. De acordo com dados da associação empresarial, em Portugal foram matriculados 2.697 carros elétricos puros em julho, enquanto em Espanha foram entregues 3.404, apenas 707 a mais do que no país vizinho.

A distância é abismal quando comparamos os dados de Espanha com os dos países do norte da Europa. A Noruega é o país com a maior penetração de carros elétricos puros (quase 83% das vendas totais em 2023), enquanto na Suécia chega a 37,3%, a Finlândia quase atinge os 32%, a Dinamarca supera os 31%, os Países Baixos estão nos 28,5% e a Alemanha (o maior mercado da União Europeia) subiu para os 16,4% com um total de 48.682 carros elétricos entregues em julho, 14 vezes mais do que em Espanha, quando a diferença de população nem chega ao dobro.

Barómetro da Eletromobilidade

Segundo o Barómetro da Eletromobilidade da Associação Espanhola de Fabricantes de Automóveis e Camiões (Anfac), que analisa a penetração de veículos eletrificados e a instalação de infra-estruturas de carregamento de acesso público, Portugal está a crescer acima da média europeia, graças a uma fiscalidade mais atrativa do que a espanhola e a medidas focadas no desenvolvimento da eletromobilidade. Espanha, por outro lado, está cerca de 15 pontos abaixo da média europeia. Apenas a Itália, com uma quota de mercado de 3,8% e uma população de 59 milhões de habitantes, está pior do que Espanha em termos de eletrificação. Ainda assim, em Itália foram vendidos 4.091 carros elétricos puros em julho, quase 700 a mais do que em Espanha. Hungria e República Checa também estão ao mesmo nível de desenvolvimento que Espanha ou Itália, conforme o barómetro da Anfac.

 

“Em comparação com o ano anterior, o mercado de veículos eletrificados em Espanha tem um ritmo de crescimento constante, mas esse ritmo teria de ser ainda maior. Enquanto a Europa e os nossos parceiros crescem, nós continuamos praticamente parados”, afirma o Diretor-Geral da Anfac, José López-Tafall.

Segundo o executivo, o problema de Espanha é a falta, ou o fraco resultado, de incentivos à compra de carros elétricos. “Espanha não tem um problema de oferta, tem uma procura escassa e pouco estimulada”, afirma López-Tafall, que saúda a recente aprovação da dedução de 15% do IRS para a compra de carros eletrificados. “É um importante primeiro passo, mas deve ser acompanhado de mais medidas que incentivem a compra deste tipo de veículos”, defende o Diretor-Geral da Anfac.

Vendas de carros novos na Europa

Em termos globais, as matrículas de carros novos na União Europeia atingiram as 851.156 unidades em julho, um aumento de 15,2% relativamente ao ano anterior, de acordo com dados da ACEA. Este é o décimo segundo mês consecutivo de crescimento na Europa, com um aumento sólido em quase todos os mercados, incluindo os quatro maiores: França (+19,9%), Alemanha (+18,1%), Espanha (+10,7%) e Itália (+8,7%).

De janeiro a julho, as matrículas de carros novos na UE aumentaram 17,6%, totalizando 6,3 milhões de unidades. “Embora a indústria automobilística europeia esteja se recuperando das interrupções no fornecimento relacionadas com a pandemia, o mercado continua 22% abaixo dos volumes de 2019”, lembra a ACEA.

Texto original escrito pelo Jornal Expansion, pode ler aqui.
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