Índice de Transparência do Mercado Automóvel, Portugal ocupa o 9º lugar, ultrapassando a Itália e a Espanha

Índice de Transparência do Mercado Automóvel, Portugal ocupa o 9º lugar, ultrapassando a Itália e a Espanha

Estudo revela que transparência do mercado de veículos usados em Portugal está acima da média

O mercado europeu de veículos usados está longe de ser transparente. São muitos os veículos com quilometragem falsificada e danos disfarçados. Embora a situação varie de país para país, todos os anos, compradores do continente europeu perdem milhões de euros às mãos de burlões.

O mais recente estudo da carVertical, empresa de dados do setor automóvel, revelou os países em que a compra de um automóvel em segunda mão é mais arriscada. Intitulado “Índice de Transparência do Mercado”, este estudo classifica os países com base em vários indicadores e determina os países mais transparentes. Aparentemente, a situação em Portugal está acima da média, o que se assemelha às tendências registadas noutros países do Sul da Europa.

Portugal ocupa o 9.º lugar no Índice de Transparência do Mercado

Dos 25 países do Índice de Transparência do Mercado, Portugal ocupa o 9.º lugar. No que respeita à quilometragem, 2,2% de todos os veículos verificados na carVertical em Portugal tinham quilometragem falsificada. Em média, o conta-quilómetros de um veículo falsificado em Portugal está alterado em 60 769 km. Por exemplo, se a quilometragem real do veículo for de 200 000 km, os burlões podem alterá-la para 140 000 km para tentarem vender o carro por um valor maior.

No que diz respeito a acidentes, 38,3% dos carros em Portugal têm danos menores ou maiores, com um valor médio de danos de 4994 euros.

Em Portugal, 70,8% dos carros chegam de outros países. A idade média dos veículos verificados na carVertical é de 8,6 anos, o que significa que esses carros já perderam uma parte significativa do seu valor e podem incentivar os prevaricadores a alterar a sua quilometragem e a aumentar o preço de venda.

Na vizinha Espanha, que ocupa o 11.º lugar, 4,6% dos automóveis apresentam quilometragem falsificada e 38,1% estão danificados. No entanto, a percentagem de veículos importados é inferior (60,4%).

Mercados ocidentais e países escandinavos são mais transparentes

O país mais transparente no estudo é o Reino Unido. Como os britânicos não estão interessados nos veículos de condução à esquerda, que dominam a Europa continental, as taxas de importação são muito baixas (2,2%), e isso está diretamente relacionado com o menor número de fraudes no mercado de veículos usados.

O Reino Unido tem 2,7% de veículos com quilometragem falsificada, a Alemanha – 3,4%, a Suíça – 2,4%, a Dinamarca – 4,1% e a França – 3,3%, o que é significativamente melhor do que noutras partes da Europa.

“Os mercados ocidentais e os países escandinavos são geralmente mais transparentes do que os países da Europa de Leste, principalmente porque a legislação é mais rigorosa, há menos importação de veículos usados e o PIB per capita é mais elevado. Os países com economias mais fortes costumam ter frotas automóveis mais jovens e menos fraudes, uma vez que menos compradores optam por veículos baratos”, afirma Matas Buzelis, especialista em automóveis e Diretor de Comunicações da carVertical.

Os países da Europa Central, como a República Checa ou a Eslováquia, situam-se no meio do Índice de Transparência do Mercado: a falsificação da quilometragem é mais comum aqui do que na Europa Ocidental e as taxas de importação são elevadas.

A Europa de Leste é a fonte da fraude automóvel

A Ucrânia, a Letónia, a Lituânia, a Estónia, a Roménia e a Polónia são os mercados menos transparentes de todos os países inquiridos.

“As taxas de fraude nesta região estão correlacionadas com um maior número de automóveis importados, já que os dados dos automóveis se costumam perder nas transações transfronteiriças. A qualidade das reparações é questionável e a percentagem de veículos danificados é superior à média. Além disso, do ponto de vista da legislação de prevenção de fraudes, alguns países não fazem o suficiente para proteger o interesse público”, explica Buzelis.

A pior situação regista-se na Ucrânia, onde 8,5% dos automóveis apresentam falsificação da quilometragem e 49,7% sofreram danos. No entanto, a Ucrânia tem uma das importações mais elevadas da Europa – 82,4%.

A Lituânia, a Letónia e a Polónia também têm um elevado número de automóveis importados: 75,7%, 73% e 59,8%, respetivamente. No que diz respeito aos danos e à quilometragem falsificada, na Lituânia, 57,6% dos veículos estão danificados e 8,3% têm quilometragem falsificada; na Letónia, 58,4% estão danificados e 12,9% têm quilometragem falsificada; na Polónia, 65,8% estão danificados e 4,9% têm quilometragem falsificada.

Como foi calculado o Índice de Transparência do Mercado?

A investigação da carVertical examinou relatórios reais do histórico automóvel adquiridos pelos utilizadores da empresa entre outubro de 2022 e setembro de 2023. Os resultados baseiam-se em 6 fatores:

  • percentagem de veículos com quilometragem falsificada;
  • valor médio da alteração do conta-quilómetros, em quilómetros;
  • percentagem de veículos danificados;
  • valor médio dos danos;
  • percentagem de importação de veículos usados;
  • idade média dos veículos verificados.

Uma vez que o impacto previsto na transparência do mercado pode ser diferente, os peritos de dados da carVertical atribuíram a estes fatores diferentes valores. Por exemplo, a percentagem de veículos com quilometragem falsificada é mais importante do que a idade média dos veículos verificados nesse país específico pela carVertical.

Matas Buzelis, Diretor de Comunicações da carVertical, explica que o processamento de milhões de históricos de automóveis permite à empresa ver as tendências, as perspetivas e as previsões dos mercados de veículos usados.

Dados mais precisos do que nunca

A carVertical está em rápida expansão e está constantemente a introduzir ferramentas sofisticadas destinadas a identificar inconsistências de quilometragem nos relatórios do historial de veículos usados. As imprecisões ocorrem devido a erros humanos, conversões erradas de milhas para quilómetros, e controlo de qualidade insuficiente em bases de dados automóveis governamentais e privadas. Atualmente, a empresa tem implementado um sistema para distinguir casos de fraude de erros de rotina ocorridos durante a digitalização.

Com a ajuda da aprendizagem de máquinas, a carVertical excluiu várias irregularidades e oferece agora dados mais precisos sobre o mercado de veículos usados. Esta maior precisão traduz-se na diminuição significativa dos casos de fraude comunicados.

O estudo completo pode ser consultado aqui .

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