O Preço Oculto dos Carros Usados: Milhares de Milhões de Prejuízo em Fraude
O mercado europeu de veículos usados, avaliado em 635 mil milhões de euros em 2024, é uma oportunidade de ouro, mas continua a ser um terreno fértil para a fraude. Um novo estudo revela dados alarmantes:
4,9% dos veículos usados têm a quilometragem falsificada e 40% apresentam sinais de danos ocultos. Estima-se que as perdas anuais com esta fraude possam chegar aos 8,77 mil milhões de euros, com muitos casos a passarem completamente despercebidos.
Este cenário coloca em causa não só as perdas financeiras, mas também a segurança dos consumidores, que arriscam a vida ao adquirirem um veículo com danos ocultos. A solução, segundo a carVertical, uma startup lituana, passa pela cooperação entre o setor público e o setor privado na União Europeia, superando as barreiras atuais.
RGPD e a Fragmentação: Os Maiores Obstáculos
A principal dificuldade em combater a fraude reside nas próprias regras europeias. O Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD) define "dados pessoais" de forma tão ampla que empresas sérias, como a carVertical, têm dificuldade em partilhar informações cruciais sobre o historial dos veículos, mesmo quando o risco de privacidade é mínimo. Segundo Rokas Medonis, diretor-executivo da carVertical, "a Europa pode encontrar um melhor equilíbrio entre a proteção dos dados pessoais dos seus cidadãos e a disponibilização de ferramentas efetivas".
Outro obstáculo significativo é a fragmentação do mercado único. Países exportadores de veículos usados, como a Alemanha, a Bélgica, os Países Baixos e a Itália, limitam a partilha de dados históricos, deixando os compradores de outros Estados-Membros, especialmente no Leste Europeu, vulneráveis.
O Exemplo que Deve Ser Seguido: Suécia, Finlândia e Reino Unido
Apesar dos desafios, há exemplos de sucesso a serem seguidos. A Suécia e a Finlândia conseguiram criar um sistema que equilibra a proteção de dados com a transparência. Nestes países, é fácil aceder ao historial dos veículos, incluindo quilometragem e registos de inspeções. Esta informação acompanha o veículo quando ele é exportado, protegendo não só os consumidores locais, mas também os internacionais. O Reino Unido também é um bom exemplo de acesso aberto a dados de veículos, promovendo um mercado mais transparente.
O apelo de Rokas Medonis é claro: a UE deve harmonizar as regras para proteger os cidadãos e apoiar as empresas honestas. A questão é: o que é mais importante, a proteção de dados que não revelam informações pessoais ou a proteção dos consumidores contra fraudes que geram milhões em prejuízo?
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