O setor automóvel atravessa um contexto de fragilidade económica impulsionado pela Covid-19, em que vê as suas vendas em queda, os empregos reduzidos e as intenções de compra em decréscimo. O cenário torna-se ainda mais alarmante pelo peso deste setor económico em quase todos os países abrangidos pelo Observador Cetelem.
Só na União Europeia o setor representa 8,5% da produção industrial global, um valor que se traduz em 2,7 milhões de postos de trabalho. Na União Europeia encontram-se cerca de 200 fábricas especializadas e no espaço europeu perto de 300. Relativamente à produção de automóveis, em 2019, foram produzidos mais de 90 milhões. Estes são alguns indicadores demonstrativos da importância do setor em vários países, mas que, fruto do atual contexto pandémico, tem trazido graves problemas socioeconómicos a diversas famílias.
Esta conjuntura de dificuldade económica coloca em evidência outros problemas, nomeadamente a falta de apoio por parte dos Estados. Nos 15 países onde se conduziu o estudo, o Observador Cetelem procurou aferir a perceção dos inquiridos sobre este domínio e apurou-se que 6 em cada 10 pessoas acreditam que os Estados prestaram um apoio insuficiente ao setor automóvel. Em Portugal, este número aumenta – são 73% os que referem que o Estado não desempenhou corretamente o seu papel de apoio ao setor. Esta opinião é unânime entre os consumidores, com exceção, curiosamente, dos três países que acolhem os maiores fabricantes de automóveis a nível mundial: Japão (34%), Estados Unidos (45%) e Alemanha (49%).
Apesar de ser consensual que são precisos mais apoios ao setor, metade dos inquiridos desconhece se o seu governo propôs ou não um plano de apoio automóvel. Em Portugal, 51% afirmaram que desconheciam, um valor próximo da média europeia (47%) e da média a nível mundial (44%).