A Audi acordou com a rede alemã de concessionários alterar a forma de comercializar os seus modelos, com um sistema de vendas directas, preços fixos e agentes, apenas para modelos eléctricos.
Adoptando uma opção já anunciada por outros construtores, a Audi revelou ter chegado a acordo com a rede de concessionários germânicos para começar a vender os seus veículos segundo um sistema de vendas directas e com preço fixo. A nova solução entrará em vigor a 1 de Janeiro de 2024 e incluirá apenas os veículos eléctricos.
Os clientes poderão continuar a adquirir os modelos da marca a bateria nos concessionários, só que a relação destes com o fabricante passa a ser de agência em vez de concessão. Quer isto dizer que é a marca que passa a determinar o preço de venda, em vez do novo agente, e este não tem de adquirir os veículos novos ao fabricante, empatando verbas consideráveis até materializar a venda.
Os agentes deixam ainda de ter de suportar os descontos para escoar os veículos novos com menor procura que têm expostos no stand, mas nem tudo são rosas nesta relação de agenciamento, uma vez que as margens pagas pelo construtor passam igualmente a ser menores. De acordo com a publicação alemã Automobilwoche, os agentes passarão a receber uma comissão fixa de apenas 6% (três a quatro vezes inferior à percentagem paga aos concessionários), a que se junta um valor variável entre 1,5% e 2,5%, que posteriormente deverá ser fixado em 1,5% em 2026. Entretanto, todos os modelos a gasolina, a gasóleo, híbridos e híbridos plug-in manterão o actual sistema de comercialização, isto enquanto forem produzidos ou a União Europeia permitir a sua venda, o que quer que aconteça primeiro.
Esta medida, que faz lembrar a adoptada pela Tesla – que, contudo, recorre a stands e oficinas próprios, em vez de depender do investimento de empresas externas à marca –, visa tornar mais transparente o preço dos modelos e, sobretudo, reduzir a percentagem do preço total do veículo consumida pelo sector de distribuição e venda. Há outras marcas germânicas que já abraçaram este esquema, como a Volkswagen (do mesmo grupo da Audi), que já pratica nos eléctricos 4% de comissão fixa e 2% variável, de acordo com a referida publicação alemã.
A BMW pretende arrancar com um programa similar de vendas directas apenas em 2026, mas já anunciou ter previsto 5,5% de comissão fixa e até 2% variável, enquanto a Mercedes aponta para 6,5% de taxa fixa, valor que será reduzido pouco tempo depois para 6%. Esta prática das vendas directas com preços fixos é encarada como uma forte possibilidade por outros fabricantes, como a Ford, mas há quem a descarte. É o caso da Dacia, por exemplo, que já aplica com sucesso preços fixos, mantendo ainda assim a figura dos concessionários, mas com margens fixas.
Texto original escrito pelo Observador
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