O município é o primeiro do país a ter autocarros eléctricos movidos com a energia gerada a bordo com recurso a fuel cell. São produzidos pela portuguesa Caetano Bus, que os exporta para todo o mundo.
Cascais acaba de apresentar os seus primeiros dois autocarros movidos com a electricidade gerada a bordo através de uma célula de combustível a hidrogénio, tecnologia em que o município aposta para descarbonizar a sua rede de transportes e que, em Portugal, não era até agora viável por não existir qualquer posto de abastecimento. A edilidade está também a tratar de colmatar esta lacuna, tendo anunciado que, até ao final do ano, vai ser montada a primeira estação de abastecimento deste gás no concelho, que será aberta ao público.
O projecto que foi dado a conhecer remonta “há pouco mais de ano e meio”, recordou o presidente da Câmara Municipal de Cascais (CMC), Carlos Carreiras, lembrando que a ideia nasceu de uma visita à fábrica da Caetano Bus, em Vila Nova de Gaia. É nessa unidade fabril a norte, que emprega cerca de 2000 trabalhadores, que são produzidos os autocarros a hidrogénio, até aqui destinados exclusivamente à exportação devido à referida ausência de postos de abastecimento em Portugal.
Cascais torna-se, assim, o primeiro cliente português desta produção nacional, cujas vantagens face a um equivalente autocarro eléctrico a bateria residem numa maior autonomia e menor tempo de recarga, para um peso significativamente inferior. A operação beneficia duplamente pois, por um lado, não só as visitas ao posto de abastecimento são mais espaçadas, como a operação de reabastecer é muito mais rápida (cerca de 10 minutos) do que se estivéssemos perante um autocarro eléctrico a bateria (que demorará horas a recarregar). Tudo isto acaba por libertar a circulação destes dois novos autocarros dos constrangimentos associados aos seus congéneres a bateria. Desde logo, porque prescindem de uma tonelada de acumuladores para armazenar a energia necessária para impulsionar o motor eléctrico. A electricidade é gerada a bordo, misturando o hidrogénio dos tanques, armazenado a uma pressão de 350 bar, com o oxigénio que existe no ar com recurso à mesma célula de combustível que equipa o Toyota Mirai de segunda geração. Dessa operação, a chamada electrólise inversa da água, resulta apenas electricidade e vapor de água. Ou seja, zero emissões de dióxido de carbono.
Os autocarros a hidrogénio da Caetano Bus, que são exportados à razão média de cinco unidades por mês, contam com uma célula de combustível de 66 kW, cerca de 90 cv, complementada por uma bateria com 44 kWh de capacidade. O objectivo é a fuel cell fornecer ao motor a energia necessária em velocidade de cruzeiro, mas depois em pico – nos arranques e nas subidas – a bateria garantir o acréscimo de potência necessário. O autocarro da Caetano Bus pode armazenar até 37,5 kg de hidrogénio, a 350 bar, o que equivale a cerca de 1600 litros do gás, suficiente para uma autonomia entre 400 e 600 km, segundo o fabricante localizado em Ovar. Para já, enquanto não existe o posto de fornecimento deste gás, o reabastecimento é feito com uma solução portátil a partir de botijas.
A construção do posto de abastecimento arrancará em breve, mal termine a avaliação das propostas recebidas no âmbito do concurso público que a CMC abriu. Ao que o Observador apurou, a localização está definida, será na Abuxarda, num eixo estratégico de proximidade à auto-estrada. Aberta ao público, a futura estação com 1 MW de capacidade disporá de produção local de hidrogénio, a partir de energia verde, e vai estar preparada para abastecer quer veículos ligeiros quer veículos pesados, que diferem na pressão a que o hidrogénio é fornecido, respectivamente 350 e 700 bar.
Fonte: Observador
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