Foi precisamente em fevereiro de 2020, mês anterior à declaração do primeiro estado de emergência em Portugal por causa da Covid-19, que o mercado automóvel nacional assinalou o último registo mensal com crescimento homólogo do número de matrículas.
De facto, nesse mês, o volume de matrículas de automóveis novos subiu 7,4% nos ligeiros de passageiros, o suficiente para contrariar a queda de 5,2% verificada nos veículos comerciais ligeiros.
No final, o saldo dos ligeiros mantinha-se positivo: 5,9% de crescimento em fevereiro, apesar de já denotar uma ligeira queda de 0,8% no acumulado dos dois primeiros meses, devido ao fraco resultado de janeiro.
De então para cá, o mercado automóvel vem acumulando perdas todos os meses. Só no que respeita aos ligeiros de passageiros, as quebras de vendas homólogas foram de:
- 57,4% em março de 2020
- 87% em abril com apenas 2.749 carros matriculados
- 74,7% em maio
- 56,2% em junho, a maior queda a nível europeu
- 17,5% em julho
- 0,1% em agosto
- 9,4% em setembro
- 12,6% em outubro
- 27,9% em novembro
- 19,6% em dezembro
- 30,5% em janeiro
- e finalmente 59% em fevereiro de 2021
Fevereiro de 2021. O último mês de um mercado em queda?
Perante os resultados negativos dos últimos 12 meses, a pergunta que se coloca é: o mercado automóvel vai continuar a cair e iremos assistir, no final de março, a um registo inferior às 10.596 matrículas de ligeiros de passageiros verificadas em março de 2020?
Sem certeza quanto à resposta, a análise às tabelas relativas a fevereiro de 2021 não traz grandes novidades, além do acentuar da quebra do número de matrículas da Renault, marca que liderou o mercado automóvel em Portugal nos últimos anos.
Em sentido inverso, Peugeot e Mercedes-Benz reforçam as primeiras posições, com a BMW a fechar o pódio. Qualquer destas três marcas com uma presença forte no mercado das frotas e é para aí que foram canalizadas grande parte das novas matrículas.
Se excetuarmos a Cupra, uma marca estreante e a Alpine, que matriculou apenas uma viatura, as empresas são também as responsáveis pela única variação homóloga positiva da tabela de ligeiros de passageiros: a Tesla, com um crescimento de 89,2%, muito devido à continuação da competitividade do Model 3 nas frotas.
Tesla Model 3 que foi não só o modelo elétrico com mais matrículas em Portugal no ano passado, como tem sido também o grande responsável pelo crescimento das vendas da marca americana no nosso país.
Ao ponto de, em 2020, a Tesla Portugal ter conseguido quase o mesmo número de matrículas das que obteve em toda a Espanha no ano passado.
Comerciais: grupo PSA domina mercado
O conjunto alargado de marcas e a presença da maioria delas no segmento dos comerciais permitem ao grupo PSA dominar este mercado.
Além de manter as duas primeiras posições com a Peugeot e a Citroen, destaque para o resultado positivo de 8,4% da marca Opel graças à Combo.
Na análise à tabela ressalta também os 14,3% de crescimento da Toyota (Proace e Proace City são também produto PSA, mas a marca japonesa tem ainda a Hilux a competir nesta categoria) e o 1% de crescimento homólogo da Volkswagen, beneficiando da chegada da nova Caddy.