Segundo o jornal Observador, há clientes que acusam a Mercedes de ter eléctricos para vender e esforçar-se para “empurrar” os compradores para modelos com motores a combustão, chamando a atenção para os atrasos e as alternativas.
Os construtores que oferecem modelos 100% eléctricos, como alternativa a outros com motorizações de combustão interna a gasolina ou diesel, têm de acomodar os desejos e as preferências dos seus clientes, sejam eles quais forem. Mas há clientes alemães que se estão a insurgir em relação ao que consideram ser um esforço para favorecer os modelos com motores de combustão, em detrimento dos eléctricos, mais especificamente o novo EQA.
Teoricamente, a acusação não faz grande sentido, especialmente se tivermos em conta os investimentos que o construtor alemão tem vindo a realizar na mobilidade eléctrica e que vai continuar a fazer nos próximos anos. Além disso, a marca germânica necessita de vender eléctricos, uma vez que as metas das emissões de CO2 para 2025 são muito mais apertadas do que as de 2020 e nem é evidente que possa continuar a contar com os híbridos plug-in, que começam a ser encarados como um problema e não como a solução que eram até aqui.
Os clientes alemães acusam a Mercedes de, quando terminaram a configuração do EQA eléctrico no site, a marca lhes ter chamado a atenção para o facto de a data de entrega poder tardar 12 semanas. Além disso, propôs-lhes uma série de alternativas com motores de combustão, salientando a redução no preço que conseguiriam. Fãs de veículos eléctricos, os clientes em causa vêem nesta postura comercial uma tentativa de desviar para modelos mais poluentes aqueles que estavam inclinados para um eléctrico.
Visitámos o site alemão da marca, similar ao português excepto na língua, e lá está o aviso das 12 semanas que o EQA pode demorar a fabricar, bem como as alternativas, basicamente o GLA 200 e o GLB 200, ambos a gasolina. No site português a situação é ligeiramente distinta, sobretudo porque os GLA e GLB surgem com motor a gasolina e também a gasóleo (como pode ver na galeria), mantendo contudo as 12 semanas de prazo de entrega, compreensível uma vez que o carro apenas está previsto chegar a Portugal em Abril.
Curiosamente, se tentarmos configurar um GLA ou GLB com motor de combustão, nunca aparece como alternativa um EQA eléctrico, mesmo se o preço for similar. Se o GLB apresenta alternativas, todas elas do GLB com diferentes níveis de equipamento, solução que não é utilizada no EQA, no caso do GLA as sugestões são todas versões distintas do mesmo modelo, como se pode ver na galeria.
A ausência do EQA, como alternativa aos modelos a combustão, justifica-se em parte porque a marca alemã parece favorecer nestas condições os carros para entrega imediata, ou seja, os que tem em stock. Esta possibilidade é confirmada pelo que acontece quando se configura um EQC, igualmente eléctrico mas com dimensões mais generosas do que o EQA. Neste caso, as alternativas que surgem no configurador são outros EQC, com níveis de equipamento e preços distintos.