“O Estado tem de fazer mais no apoio aos automóveis elétricos e tem de o fazer no mais curto espaço de tempo possível porque o parque automóvel em Portugal tem uma média de idade de 13 anos”, defendeu João Mendes, Diretor Geral da Peugeot Espanha e Portugal, durante o debate “O Futuro da Mobilidade no Setor Automóvel”. Acrescentou que “isto significa que um veículo médio hoje emite, em termos de CO2, mais de 160 gramas por quilómetro enquanto os veículos elétricos e híbridos têm um nível de emissões muito mais baixo”.
“Rejuvenescer o parque automóvel” foi um dos objetivos enunciados para Portugal por Massimo Senatore, Diretor Geral da BMW. Entende que tem de se apoiar mais o cliente particular porque é importante para chegar à descarbonização. Estes apoios são necessários “porque os custos de produção são elevados, mas temos de criar uma produção e uma massificação destas vendas e Portugal tem feito um bom desenvolvimento porque com os apoios fiscais, deduções do IVA e de redução temos muitas empresas que estão a tornar-se
João Mendes referiu que o apoio a clientes particulares de 700 carros por ano representa 1% das compras de veículos particulares num ano em Portugal. “É um sinal mas não passa disso. Estamos a falar de um pequeno sinal em algo que tem de ser muito mais forte. O peso dos elétricos hoje anda à volta dos 5% do total de mercado e temos de progredir muito mais, precisamos do investimento da indústria mas também dos investimentos dos Estados. Foram estes que definiram este caminho, muito radical no curto prazo, que a indústria está a fazer a sua parte para seguir”, concluiu João Mendes.
Ministro do Ambiente queixa-se dos preços de venda dos automóveis elétricos
“A nossa aposta vai mais além do que comercializar os veículos elétricos, também comprometermo-nos mais na transição energética”, afirmou Zineb Ghout, Diretora Geral da Renault.
António Melica, Diretor Geral da Nissan, salientou que, além da infraestrutura da rede de carregamentos, é importante o preço da eletricidade e dos carregamentos. Deu como exemplo o acordo da Nissan com a Galp para “oferecer condições vantajosas de carregamento na infraestrutura pública em Portugal e que atinge um desconto de 33% sobre o preço de carregamento. Isto é fundamental porque torna a mobilidade elétrica ainda mais eficiente e mais económica face à mobilidade tradicional”.
Sublinhou ainda a necessidade de regulamentar a tecnologia do ‘vehicule to grid’. O “veículo elétrico não tira só a energia, mas também capacidade de devolver a energia para suportar a rede, o que é muito importante porque a energia armazenada nas baterias dos veículos elétricos que não é necessária para circular pode ser devolvida e assim equilibrar melhor a oferta e a procura de energia criando eficiência no sistema”.
Na opinião de António Melica, pode “ser uma fonte de receita dos condutores dos veículos elétricos que conseguem carregar as baterias do veículo elétrico com tarifas mais baratas e depois voltar a vender essa energia onde a tarifa de energia elétrica é superior”.
“Lançamos recentemente o Market Report 2020 sobre o mercado de usados que evidencia um crescimento muito significativo ao nível dos carros elétricos em termos de procura porque, em termos de oferta, ainda não há disponibilidade”, asseverou Nuno Castel-Branco, diretor-geral Standvirtual, que tem 6 milhões de visitas por mês.
Existe um crescimento muito significativo de procura em relação a plug-ins a gasolina, depois os elétricos. Em queda na procura estão sobretudo o híbrido ou plug-in a diesel que é percebido pelo consumidor como mais poluente.
Sublinhou, no entanto, que apenas 2% do parque nacional é de veículos elétricos, enquanto 98% são veículos a combustão num parque circulante com mais de 4 milhões de carros. Acrescentou que “os carros elétricos, nesta fase, desvalorizam mais do que os veículos a combustão porque há dúvidas na cabeça do investidor sobre o seu valor dentro de quatro anos, se a tecnologia é a mesma ou não”.
Fonte: Jornal de Negócios
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