Será uma das caras e vozes mais conhecida do setor automóvel, com uma vida dedicada à causa com passagens, entre outros, por gabinetes ministeriais, pelo lneti pela Salvador Caetano e pela ACAP e 23 anos de presença ininterrupta na ANECRA. Jorge Neves da Silva, economista, portuense, é daqueles homens que deixa marca por onde passa e com quem conversa. Aqui fica a sua reflexão sobre aquilo que para ele representa a convenção ANECRA.
“Orgulho e sentimento de dever cumprido é o que sinto na madrugada de mais uma edição, a 30ª, da Convenção ANECRA.
Recordo-me que cheguei em 1996, no mês de setembro e em novembro iria decorrer mais uma edição, a sétima que, lembro como se fosse hoje, tinha como tema ‘O Automóvel e o Consumidor: um desafio permanente’.
Foi um trabalho árduo, mas conseguimos levar a cabo graças à excelente equipa com que sempre tivemos a oportunidade de contar. Contas feitas, são 24 anos de presença ininterrupta a trabalhar para aquilo que, hoje, considero, o maior e mais notório evento do setor automóvel.
Um evento que marca a agenda do setor e que discute com rigor, seriedade e conhecimento, dos temas mais importantes aos mais fraturantes, tendo como pano de fundo a atividade da nossa Associação na defesa, primária, dos nossos associados, mas também de todo um setor e, no limite, de todos os consumidores e do próprio Estado.
Travámos a luta contra a economia paralela na reparação, no comércio e nos usados. Uma batalha dura e impiedosa que mexeu com alguns poderes instalados e com os rendimentos de muitos, mas conheceu resultados. Lembro que estive, juntamente com a ANECRA, na luta contra os “stands trata”, aqueles que faziam dos estacionamentos e das frentes dos edifícios, lojas de venda de veículos. Mais uma batalha dura, que acabou com a assinatura de diversos protocolos e da retirada da esmagadora maioria desses espaços ilegais. Batemo-nos pela realização de feiras de usados, onde as garantias não fossem apenas palavras jogadas ao vento.”
Ao longo da sua vida passada em dedicação à ANECRA, aos seus associados e aos consumidores, Jorge Neves da Silva lembra “os dias de euforia do mercado, onde tudo corria, literalmente, sobre rodas”, mas também as sombras que se abateram sobre o país e o setor. “A crise de 2007 foi muito dura e o período da Troika trouxe a falta de confiança, a falta de dinheiro para que os consumidores pudessem adquirir bens e, sobretudo, a impossibilidade de fazer manutenção aos veículos existentes. Foram dias complicados que colocaram em risco o setor e contribuíram para atrasar um processo em que a ANECRA sempre esteve envolvida: a redução da idade do parque automóvel.
Estive presente nas comissões que permitiram que o incentivo ao abate tivesse tirado da estrada muitos modelos arcaicos e poluidores, fiz parte da comissão que gerou a transição do Imposto Automóvel (IA) para o ISV, sistema misto que encontrou oposição de muitos. Enfim, dediquei a minha vida ao setor e à ANECRA, tendo sempre pensado, decidido e colocado em prática a ideia de inovação e de avanço tecnológico.
Para mim, a evolução tecnológica é a chave para o futuro e o nosso setor não tem de ter problemas com a chegada das novas mobilidades de propulsão. Não tem de ter receio sobre o seu negócio. A integração das diversas tecnologias será suave e todos terão oportunidade de tirar o melhor do futuro.
Enfim, se puder ter a ousadia, quero deixar duas notas fundamentais: a evolução tecnológica é pedra de toque na ANECRA e o nosso sucesso é o sucesso dos nossos associados e, no final, do consumidor do setor automóvel em geral.”