OBSERVATÓRIO INDICATA | VENDAS DE AUTOMÓVEIS USADOS CRESCERAM EM OUTUBRO

De acordo com o 10.° relatório do Observatório INDICATA, as vendas totais de automóveis usados em outubro aumentaram 12,45% face ao período homólogo do ano passado. Em Portugal, a subida chegou mesmo aos 31,1%.

No passado mês de outubro, o mercado de automóveis usados subiu 12,45% em termos gerais face a igual mês de 2019. De acordo com o mais recente relatório do Observatório INDICATA, as vendas de viaturas usadas têm estado a beneficiar de uma recuperação graças à procura pendente, com esta a começar a ser satisfeita pelo aumento dos níveis de stock.

Como foi na altura noticiado pela ANECRA Revista, no mês passado vimos que a taxa de crescimento homólogo desde o fim dos bloqueios tinha diminuído desde junho (+13,2%) até agosto (+10,3%), antes da forte recuperação de setembro (+18,4%).

Embora o resultado combinado de outubro em todos os mercados continue a ser positivo, tendo subido 12,45% face a outubro de 2019, a taxa de crescimento anual voltou a abrandar, uma vez que as vendas totais mensais caíram 1% face a setembro.

Com as infeções por covid-19 em ascensão até outubro, a reintrodução dos bloqueios parecia inevitável e, agora, foram adotadas medidas acrescidas ou mesmo o bloqueio completo em muitos países. Embora a maioria dos governos europeus tenha permitido que os retalhistas de automóveis continuassem a vender, alguns fecharam a porta às vendas de automóveis nos stands.

Os retalhistas afirmam que, mesmo nos países onde os clientes ainda podem entrar num stand e comprar carro, o número de consumidores está a diminuir devido às preocupações com o aumento das infeções e graças à pressão exercida pelos governos nacionais para evitar viagens não essenciais.

Quer isto dizer que a procura está a desaparecer? Que os retalhistas se abasteceram para satisfazer a crescente exigência pós-bloqueio 1 para apenas vê-la desaparecer sob o bloqueio 2? Que o mercado está, agora, sobreabastecido para uma procura restrita covid-19? Que estamos a atingir um ponto de viragem à medida que o mercado “arrefece” e as restrições de bloqueio reaparecem? Tudo questões para as quais a 10.ª edição do Observatório INDICATA procurou obter respostas.

Impacto da covid-19 no mercado

Em termos de crescimento, as motorizações “alternativas” continuam a superar os seus equivalentes tradicionais com motores de combustão interna com modelos BEV e híbridos, ambos a verem as vendas aumentar mais de 100% em relação a outubro de 2019. Mas esta estatística “embeleza” estas motorizações quando se olha para o panorama geral.

A rotação de stock mantém-se lenta em 4,5 vezes para os BEV, o que representa apenas uma melhoria de 6% face a igual período do ano passado e quase constante em comparação com os 4,4x de setembro. Embora os híbridos também tenham visto a rotação de stock estagnar em 5,3x em outubro (5,4x em setembro), contudo representa um aumento de 18% em termos homólogos.

A procura de veículos com motores de combustão interna diminuiu ligeiramente em setembro, com a rotação de stock do gasóleo a 7,4x este mês (7,9x em setembro) e a gasolina 6,7x (7,3x no mês passado). Mas torna-se evidente que ambos os tipos de combustível continuam a ser escassos, com a rotação de stock a aumentar 25% em termos homólogos para o gasóleo e 29% para a gasolina.

Significa isto, portanto, que existem muitos veículos de motorização alternativa disponíveis para satisfazer a procura e que ficam em stock nos retalhistas por mais tempo do que os seus pares tradicionais, onde a oferta ainda fica aquém da procura em outubro. O impacto da covid-19 e da procura de automóveis usados está a afetar o mercado automóvel em todas as idades.

O abrandamento da taxa de crescimento das vendas de automóveis usados é relativamente consistente em todas as idades, assim como o abrandamento da rotação de stock, com a média a cair para 7,8x em outubro face aos 8,4x de setembro. A redução das vendas, em termos homólogos, para automóveis com menos de um ano continua a ser motivado pela menor atividade nas viaturas de demonstração dos concessionários e do mercado de rent-a-car, que é uma das principais fontes deste segmento.

Os níveis de stock dos retalhistas a 1 de setembro tiveram uma queda de 15% em comparação com 1 de junho. Um mês depois, a posição de junho a outubro abrandou com a redução para 13,4% nos mercados cobertos pelo INDICATA. Em parte, graças ao levantamento dos bloqueios e ao facto de os retalhistas terem começado a ver um aumento no número de visitas ao stand e, consequentemente, mais vendas e um aumento nas retomas.

De 1 de outubro a 1 de novembro, assistiu-se a um novo aliviar dos níveis de stock à medida que a oferta aumentou através das retomas e veículos de aluguer. No entanto, a desaceleração no crescimento das vendas pode significar que os retalhistas possam ter comprado stock a mais para novembro, à medida que são impostas restrições generalizadas sobre os movimentos dos consumidores, juntamente com o facto de dezembro ser, tradicionalmente, um mês mais parado para os retalhistas de automóveis.

Portugal registou abrandamento

As vendas de automóveis usados em Portugal podem estar a abrandar, tal como noutros países, mas na realidade nacional o ritmo de crescimento das vendas passou de muito forte para forte. Em agosto, as vendas de automóveis usados cresceram 39% em relação ao ano anterior, seguidos de um aumento de 36,2% em setembro. Outubro produziu mais um mês forte, com as vendas a crescerem 31,1% face ao igual mês do ano passado.

Mas, de acordo com o 10.° relatório do Observatório INDICATA, estas vendas têm um custo. A oferta continua condicionada, com a rotação de stock para a gasolina a situar-se, agora, em 6,8x em comparação com 6,0x no mês passado. As outras motorizações também estão a registar aumentos semelhantes. A razão para tal deve-se ao facto de as vendas estarem, em parte, a ser alimentadas a partir de stock que o mercado está a ter dificuldades em reabastecer. Assim, os níveis de stock caíram, em termos mensais, 4% em setembro e mais 2,5% em outubro.

O regime fiscal e a dinâmica do mercado fazem de Portugal um mercado forte para os veículos a gasolina mais pequenos. Isto significa que, enquanto os BEV (+117%) e híbridos (+91%) assistiram ambos a um crescimento saudável das vendas, impulsionados pela baixa rotação de stock e pela oferta desafogada de veículos, o aumento de 85% nas vendas de gasolina, juntamente com a rotação de stock elevada, mostram como a oferta está condicionada nesse segmento. Embora os números pareçam surpreendentes, importa recordar que está a sair de uma base mais baixa.

A área de maiores oportunidades mantém-se nos setores de 1-2 anos de idade, em que as vendas subiram 81% e o stock está a rodar em 7,4x, traduzindo-se num aumento de 56% em relação ao ano passado. Apesar da elevada procura e do crescimento das vendas, a importação de automóveis está a ajudar a estabilizar os preços, embora tal signifique que os preços estejam, agora, a superar o declínio natural do ciclo de vida do produto, esperado para a amostra constante e consistente de veículos.

O relatório completo, que demonstra a realidade em diversos países europeus, pode ser consultado aqui.