Segundo o site drive da leaseplan, Portugal ocupa o terceiro lugar entre os países europeus com menos emissões de CO2 dos veículos novos vendidos, de acordo com um estudo da Federação Europeia de Transporte e Ambiente (T&E) com dados de emissões dos automóveis relativos ao primeiro semestre de 2020. Noruega e França lideram o ranking
A análise revela que, na maioria dos países, o desempenho de CO2 das vendas de automóveis de passageiros durante o primeiro semestre de 2020 está entre 100 g/km e 120 g/km de CO2. Alguns países podem ser encontrados fora desta faixa: em primeiro lugar, a Noruega cujas emissões de CO2 de 47 g/km são cerca de metade do segundo e terceiro melhor classificados – França e Portugal, com emissões de 98 e 99 g/km de CO2, respetivamente.
A associação nacional ZERO, que faz parte da T&E, considera que “Portugal poderia ocupar uma melhor posição nas vendas de veículos elétricos (VE) se houvesse mais infraestruturas de carregamento”. Países com tributação favorável e boa implantação de infraestrutura de carregamento tiveram vendas de veículos elétricos mais altas nos últimos anos. “O melhor exemplo é a Noruega, que é um líder mundial em penetração de mercado de VE, onde estas vendas alcançaram dois terços do total de carros vendidos durante a primeira metade do ano (48% totalmente elétricos e 20% de elétricos plug-in)”, indica a entidade.
Os dois países a seguir à Noruega também são nórdicos: Suécia com 26% e Finlândia com 15%. Em seguida, vem a Holanda, que é a líder da União Europeia nas vendas de veículos 100% elétricos (13% de vendas de VE, sendo 9% totalmente elétricos) e Portugal com 11% (6% totalmente elétricos e 6% híbridos plug-in). “A ZERO considera que a oferta limitada de postos de carregamento tem condicionado negativamente a compra de veículos totalmente elétricos por parte dos condutores, sendo de momento um obstáculo importante ao aumento desejado de vendas destes automóveis”, indica a associação liderada por Francisco Ferreira.
Em Janeiro de 2020 entraram em vigor novas regras europeias que impõem aos automóveis novos vendidos na UE um limite nas emissões de 95 g/km de CO2. Estas regras aplicam-se em 2020 a 95% dos automóveis vendidos (os 95% com menos emissões) e em 2021 a todos. Este nível de emissões corresponde a um consumo de cerca de 4,1 l/100 km num carro a gasolina e a 3,6 l/100 km num modelo a gasóleo. O limite é imposto aos fabricantes, que têm de o cumprir no conjunto das vendas nos Estados-membro, sob pena de pagarem multas pela parte excedida.
Existem contudo vários mecanismos de flexibilização que permitem aos fabricantes exceder as imposições sem incorrerem em multa: o da aplicação diferenciada do limite a cada fabricante conforme o peso dos seus automóveis, permitindo que os mais pesados emitam mais; o das eco-inovações, com intuito de encorajar o desenvolvimento de soluções tecnológicas que levem a uma redução do consumo não prevista nos testes de homologação; o dos supercréditos, um incentivo dado aos fabricantes que coloquem no mercado automóveis com emissões inferiores a 50 g/km de CO2 (estes veículos para efeito de apuramento da média da frota contam a dobrar em 2020, 1,67 vezes em 2021 e 1,33 vezes em 2022); associação de fabricantes (por exemplo, Fiat-Chrysler (FCA) e Tesla); derrogações e isenções a fabricantes pequenos.
Na sequência da entrada em vigor do novo regulamento europeu, as vendas na Europa de carros elétricos, entendidos como carros 100% elétricos e híbridos plug-in, dispararam, atingindo 8% de quota de mercado no primeiro semestre de 2020, mais do triplo do verificado no mesmo período de 2019. Nalguns países, como França e Alemanha, em que a partir do Verão ficaram disponíveis incentivos pós-Covid-19 à compra destes veículos, as vendas ultrapassam presentemente os 10%. Por este motivo, as emissões médias de CO2 dos automóveis novos vendidos na Europa baixou significativamente, de 122 gCO2/km em 2019 para 111 gCO2/km na primeira metade de 2020, a maior descida desde que estes regulamentos foram criados em 2008.
Tendo em conta as estratégias das marcas, é previsível que em 2020 cerca de metade da redução dos 122 para 95 g/km de CO2 venha a ser cumprida através dos mecanismos de flexibilização, nomeadamente os super-créditos e as eco-inovações. Apesar da grande subida nas vendas de automóveis elétricos, em 2020 apenas cerca de 30% da redução será conseguida por esta via, e em 2021 50%. A quota de carros elétricos nas vendas totais deverá atingir no final do ano 10% em toda Europa, ou seja, mesmo num cenário de crise Covid-19, é expectável que sejam vendidos em 2020 cerca de um milhão de automóveis elétricos na Europa, cerca do dobro do verificado em 2019, e em 2021 cerca de 1,8 milhões.
Quanto a fabricantes, os da PSA (marcas Peugeot, Citroën, DS, Opel e Vauxhall), Volvo, FCA-Tesla (Fiat Chrysler Automobiles e Tesla têm um acordo para a compra de “créditos” de emissões) e BMW já no primeiro semestre de 2020 cumpriram o regulamento, e a Renault, Nissan, Toyota-Mazda e Ford estão a 2 g/km de CO2 de cumprir. Os fabricantes com valores mais distantes da norma são a Daimler, a 9 g/km de cumprir, e a Jaguar-Land Rover, a 13 g/km. O grupo Volkswagen, expectante das vendas do seu novo modelo ID.3, está no meio, distando 6 g/km do cumprimento legal, bem como a Hyundai-Kia.
No caso da Renault, o seu modelo Zoe sozinho permitirá à marca baixar 15 g/km, e os modelos do grupo Volkswagen baseados na nova plataforma elétrica MEB poderão fazer baixar as emissões da construtora 6 g/km em 2020 e 11 g/km em 2021, o que corresponde a significativas partes, até 40%, das reduções a que estas marcas estão obrigadas. Por outro lado, a Toyota-Mazda atingirá o objetivo de 2020 quase exclusivamente graças à hibridização dos seus modelos convencionais, ao passo que o grupo FCA o conseguirá graças à sua aliança com a Tesla.